MINHAS PRÓXIMAS CORRIDAS

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

DE SANGUE, SUOR E POESIA...

    

     Planejado o último treino do ano: 15km... ritmo moderado... trajeto estabelecido... despertador às 6h... dia bonito... fruta, torrada... MP3 preparado.. cronômetro zerado... 'bora correr..... E lá ia eu pela avenida afora... ruas ainda adormecidas, pouco trânsito... alguns caminhantes madrugadores, alguns corredores que, em direção contrária à minha, pareciam já estar terminando o treino.... Primeiro quilômetro percorrido... segundo também... mas houve um impecilho ao final do  terceiro... Não sei se havia uma "pedra no caminho"... se foi  a terra que se aconchegava ao meio-fio da ponte... Sei que, de repente, eu estava no chão... Como em câmera lenta, minha mente recorda, fui mergulhando e sentindo o corpo se esfregando ao cimento... Um susto... uma dor... um medo de ver se estava tudo bem... Passa um motoqueiro e oferece ajuda, dois caminhantes também se mostram atenciosos.... E eu ali, misto de dor e tontura... visão embaçada - como explicar para um corpo em ritmo acelerado que de repente ele precisa parar, ficar paradinho, repouso forçado??? Sensação de desamparo, medo de um desmaio, sangue começando a escorrer do joelho esfolado, cotovelo latejando... Consegui chegar a um banco, respirar fundo, tentar acalmar coração, cabeça e organismo... uma carona e volto para casa 20 minutos depois de tê-la deixado, toda serelepe e cheia de energia... Frustrante? Com certeza!!! Mas considerando o fato de que eu nunca sofri nenhum acidente em meus treinos e corridas... não posso me queixar muito... já ouvi cada história de amigos corredores... 
     É inevitável, ainda mais em véspera de fim de ano, não fazermos dos acontecimentos reflexões para ou sobre nossa vida... Essas feridas externas de hoje servem como metáfora das feridas que a vida nos causa. Às vezes nos sentimos exatamente como me senti ao cair: de repente, do nada, algo nos derruba, caímos, sentimo-nos arranhados, esfolados.... Aquilo dói, arde, faz sangrar, fica latejando, precisa ser cicatrizado, mas "vira e mexe" algo esbarra ali naquela ferida e ela lateja novamente, tem algumas cascas arrancadas e o sangue aponta de novo...
      A vida é assim mesmo, ela nos dá muitos tombos, o que não podemos é nos esquecermos de que as feridas, mesmo que deixem marcas, cicatrizam... mesmo que levem tempo, têm a dor diminuída... mesmo que deixem uma sensibilidade no local, tornam-se parte de uma ação passada... Sim, a vida nos dá muitos tombos, mas não ficamos caídos, levantamos e, mesmo que de modo difícil e doloroso, seguimos em frente: é o instinto de sobrevivência que nos grita ao ouvido para seguirmos, para não desistirmos, para buscarmos o remédio que alivie e cure as feridas... 2012 está chegando e me encontrará com feridas frescas, mas me proporcionará, com certeza, a cura para todas elas... os remédios aparecerão e, logo, logo, o primeiro treino de 2012 será realizado... Pois que venha 2012.... sempre em frente...



Nem tudo é como você quer / Nem tudo pode ser perfeito / Pode ser fácil se você / Ver o mundo de outro jeito / Se o que é errado ficou certo / As coisas são como elas são / Se a inteligência ficou cega / De tanta informação / Se não faz sentido, discorde comigo / Não é nada demais, são águas passadas / Escolha uma estrada /  E não olhe, não olhe prá trás / Você quer encontrar a solução / Sem ter nenhum problema / Insistir em se preocupar demais / Cada escolha é um dilema / Como sempre estou / Mais do seu lado que você / Siga em frente em linha reta / E não procure o que perder / Se não faz sentido, discorde comigo / Não é nada demais, são águas passadas / Escolha uma estrada / E não olhe, não olhe prá trás

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

SOBRE VIDA E TRANSPIRAÇÃO

    


     Depois de alguns dias sem escrever, a época do ano nos afasta, às vezes, da rotina, acordei com uma grande vontade de escrever sobre SUOR e POESIA... E é essa vontade de escrever que quero cultivar para este blog, não simplesmente me sentir obrigada a lançar um texto todo dia... Mas que o texto tenha vontade de sair de mim, que ele sinta necessidade de exalar pelos poros de meu corpo e ir pedindo para ganhar forma até que as mãos o concretizem...
     Por falar em poros, seria possível calcular em litros o tanto que suamos, que transpiramos durante todo o ano? Nós suamos muito, viu?! E não apenas nos treinos intensos e constantes... Na verdade, transpiramos o tempo todo, e não só suor, mas alegrias, conquistas, frustrações, tristezas, sonhos, dores.. Nossa pele sabe sobre o que estou falando. É nela que ficam marcadas, como num palimpsesto da nossa vida, as marcas de cada dia, de cada história, de cada acontecimento. O suor está presente em cada um desses momentos: suamos pelo calor, suamos pelas emoções, por medo... Quem nunca ouvi alguém dizer: "Nossa, estou suando frio..."? E este suor frio geralmente se dá em momentos de tensão e nervosismo... Mas de nossos poros não brota apenas esse líquido que procura refrescar nossa máquina superaquecida... Pela pele transpiramos também nossa idade, nossa saúde, nossas lutas, nossos desejos e prazeres... Isso porque nossa máquina corporal se superaquece interiormente com facilidade e precisa extravasar de alguma forma esse calor, e a pele é o órgão que permite a exteriorzação de tudo o que acontece por dentro...
    E tudo isso que acontece por dentro e causa essa ebulição interna eu chamo de POESIA... É dela, em especial, que quero falar hoje. O fim do ano nos faz nostálgicos ("Marcas do que se foi...") e esperançosos ("Sonhos que vamos ter..."). Esperança de um mundo melhor... Melhor nas corridas, na profissão, no amor... Melhores na vida... Por trás de tanta esperança está a POESIA... Uma poesia trazida por um ombro amigo: que nos mostra um possível novo caminho, que nos faz enxergar os possíveis tropeços... Poesia trazida por uma música: pela enésima vez, vendo e ouvindo "O Teatro Mágico", enchi-me de poesia, de encanto, de paz... Poesia trazida pelo canto dos pássaros ao amanhecer, lá fora, nas árvores, desapercebidos - os pássaros e as árvores -  pela correria do dia a dia... A poesia de um olhar compreensivo... De um toque carinhoso...
     O que impulsiona a vida, no fundo, no fundo, é a POESIA... disfarçada de objetivos... mascarada em sonhos... travestida de luta diária... É ela que nos superaquece... é ela que nos faz transpirar... que nos faz ver que as marcas do ano que acaba, embora incrustadas neste pergaminho que nos envolve o corpo, serão sucedidas por outras marcas, outros suores... Nem todos entendem essa poesia, alguns a chamam de impulso vital, outros de vontade de superação... Alguns dizem que é a busca pelo pão de cada dia, outros que é a cruz que carregam... Afinal, o que é um nome? -  parafraseando Shakespeare, em Romeu e Julieta - "O que chamamos rosa com outro nome não teria igual perfume? O que chamo poesia com qualquer outro nome teria menos encanto? O que importa é a maneira que cada um olha para o que vive... Um dia, consultando alguém sobre o título de meu blog, disse-me que a palavra SUOR não era poética... Questão de ponto de vista, pois, para mim, o que exala de nossos poros é muito mais do que um líquido que procura resfriar o corpo e eliminar algumas impurezas... O que transpiramos é a vida que levamos...
Que tal um pouco de poesia???



Reticências (O TEATRO MÁGICO)

Quanta mudança alcança / O nosso ser posso ser assim daqui a pouco não / Quanta mudança alcança / O nosso ser posso ser assim daqui a pouco / Se agregar não é segregar / Se agora for, foi-se a hora / Dispensar não é não pensar / Se saciou foi-se embora / Quanta mudança alcança / O nosso ser posso ser assim daqui a pouco não / Quanta mudança alcança / O nosso ser posso ser assim daqui a pouco / Se lembrar não é celebrar... / Dura-lhe a dor quando aflora / Esquecer não é perdoar / Se consagrou sangra agora / Quanta mudança alcança / O nosso ser posso ser assim daqui a pouco não / Quanta mudança alcança / O nosso ser posso ser assim / Tempo de dar colo, tempo de decolar / Tempo de dar colo, tempo de decolar / O que há é o que é e o que será / (nascerá, nascerá...) / Tempo de dar colo, tempo de decolar / Tempo de dar colo, tempo de decolar / O que há é o que é e o que será / (nascerá, nascerá...) / Reciclar a palavra, o telhado e o porão... / Reinventar tantas outras notas musicais... / Escrever um pretexto, um prefácio e um refrão... / SER ESSÊNCIA... MUITO MAIS... / SER ESSÊNCIA... MUITO MAIS.../ A porta aberta, o porto acaso, o caos, o cais... / SE LEMBRAR DE CELEBRAR MUITO MAIS.../ SE LEMBRAR DE CELEBRAR MUITO MAIS.../  Se lembrar de celebrar muito mais... / A porta aberta, o porto, a casa, o caos, o cais. / A paz, a ciência, a essência... / A POESIA PREVALECE!!!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Uma crônica de Natal....



     Estou o dia todo pensando como escrever uma crônica que relacione corrida e espírito natalino.... As pessoas desejam às outras no Natal: amor, paz, saúde... Falam muito em fraternidade, caridade, amizade... Pois bem, enquanto algumas pessoas só se lembram de fazer isso na data de hoje e nos dias que se aproximam dela, posso dizer que entre os corredores que tive o grande prazer de conhecer, nesses quase dois anos de corrida, que este espírito é presente o ano todo...
     É visível o clima de amizade e de alegria que existe entre os corredores... Somos todos componentes de uma mesma tribo... nos conhecemos, nos respeitamos, convivemos... trocamos experiêncas... Os novatos são acolhidos com carinho, sempre há alguém que os possa aconselhar; os veteranos compartilham alguns treinos com quem está começando, incentivam, dão a mão... Há aqueles que "emprestam" seus olhos aos companheiros que foram privados da visão, nosso amigo Gedair Reis é um exemplo disso...
     Eu mesma tive a oportunidade de ter corredores veteranos fazendo comigo treinos que para eles eram irrisórios, mas que para mim eram verdadeiras maratonas... Foi um corredor veterano, professor Rogério Ferreira, que me mostrou, em Juiz de Fora, como eu era capaz de passar dos 10km e fez comigo minha primeira meia maratona extraoficial... isso há um ano atrás... e foi uma verdadeira conquista!!! Outro corredor, em São João del-Rei, o amigo Zezé, com não sei quantas maratonas no currículo, me acompanha em alguns longões que para ele não passam de pequenos longuinhos... Ele me orienta, puxa minha orelha, recomenda descanso... Esse é o espírito fraterno do corredor... Quantas dicas recebemos desses amigos... quantos convites... quantos conselhos... quantos incentivos... quantos treinos... quantas histórias...
     Se o Natal é uma data em que os sentimentos afloram, é também uma dia que simboliza (re)nascimento... Que a gente possa renascer com novas esperanças, novos desejos, novos sonhos, novas energias.... Que seja um momento de reflexão sobre o que foi feito durante o ano: será que fomos pessoas de bem? Será que não passamos por cima de ninguém para alcançar os pódios da vida? Será que tivemos um olhar compreensivo para aqueles que precisavam de uma mãozinha para atravessar a chegada? Será que não ficamos cegos, deslumbrando um primeiro lugar? Será que não atropelamos ninguém pelos quilômetros percorridos com a família, com os amigos, com os companheiros de trabalho? Será que não nos atropelamos buscando nossos objetivos?
     Tenhamos, pois, a esperança de um ano com  muita saúde, muita disposição, muita força de vontade para trilhar por aí novos quilômetros... que nosso desejo de superação não seja maior que nossa capacidade física, para que possamos respeitar os limites do corpo... que mais do que desejar subir ao pódio, desejemos ter bem-estar... que mais do que um troféu na estante, tenhamos cada vez mais amigos ao nosso redor... que mais do que medalhas dependuradas pelas paredes da casa, tenhamos um tempo para estar com quem amamos... que mais do que correr desenfreadamente por aí, possamos parar um pouco para ouvir o que nosso coração está pedindo...
     Esses são meus mais sinceros desejos para todos....

 "Que toda a magia e as emoções  das corridas de rua realizadas durante todo o ano, estejam presentes nos corações daqueles que festejaram a cada chegada.
Que não seja apenas mais uma comemoração no pódio.
Que neste Natal sejam confraternizados todos os nossos desejos
para um mundo melhor."

FELIZ NATAL, MEUS AMIGOS!!!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

PROJETO MARATONA 2012...


     Fim de ano é sempre assim: a gente começa a pensar no ano que acaba, passa a fazer projetos para o próximo... E interessante é que isso não passa de um ritual, porque dormimos no Ano Velho e acordamos no Ano Novo. E o que mudou? Da noite para o dia, milagrosamente, nada.... Muitos planos são apenas mentalizados, sequer saem da imaginação para o primeiro passo para a concretização... Para mudar mesmo é preciso agir, arregaçar as mangas e enfiar a cara de verdade... Sabe aquela velha conversa de que "segunda começo a dieta"? E as segundas vão passando e nada de atitude? Então, com a vida é assim, sem ação, nada acontece... Os desejos, os sonhos são o que nos mantêm vivos, pulsantes, mas se não se transformarem em atitudes, podem virar frustrações na vida da gente... É preciso sonhar sem devanear demais, sonhos realizáveis são mais palpáveis... e a luta, o esforço que fazemos para alcançá-los fazem da realização algo mais  satisfatório....
     Antoine de Saint-Exupéry, em seu famosíssimo livro "O pequeno príncipe", atribui à raposa a seguinte fala:

"Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante".

     ... e isso se aplica perfeitamente à vida... É preciso "perder tempo" com nossos sonhos, é preciso dedicar-se a eles, para que se tornem importantes para nós...
    Então... onde quero chegar com isso tudo? À realização do sonho de correr uma maratona... Mas para que não seja apenas um sonho impossível, será necessário que eu "perca muito tempo" me preparando. Será preciso muita dedicação... muito suor... cansaço... concentração... disciplina... A fase de apenas idealizar esse sonho está acabando e chegando a hora de agir (ainda mais). 2012 se anuncia e será momento de colocar o sonho em prática... Há quem ache isso loucura, algo impossível, sofrimento vão... Não, não é loucura, quem corre sabe disso... É vontade de superação... é vontade de vibração... é vontade de pulsação... é vontade de vida... Cada um escolhe sua maneira de se sentir vivo...
     O médico Drauzio Varela, maratonista, com 68 anos de idade, diz a esse respeito:

A maratona tem uma  ligação direta com a vida, com aqueles momentos em que você é obrigado a fazer um esforço para chegar ao fim. Ela dá essa resistência, de você saber que está difícil, mas que vai ter que conseguir de qualquer maneira. A vida é assim: você passa por fases duras, mas persiste porque sabe aonde quer chegar. A maratona também te dá uma sensação de que você pode. Quarenta e dois quilômetros? Quem pode correr isso, pode outras coisas também" (Revista O2, nov. 2011, p. 78). 

     O que dizer mais depois dessa fala? É exatamente isso... Quando você se sente capaz de realizar os sonhos e age para que isso aconteça, você se torna mais forte. É fácil? Não, não é... mas é possível, desde que nos esforcemos... Vai doer? Vai... Vai dar desânimo? Provavelmente... Vai exigir demais de mim? Com certeza... Sair da zona de conforto é algo extremamente angustiante para muitas pessoas, mas para outras é a mola propulsora para a realização dos sonhos...
     Quantas pessoas começarão o ano com um sonho parecido ou mesmo igual ao meu? Alguns amigos estarão na mesma empreitada... Não importa se o SEU sonho não seja esse, importa é que VOCÊ tenha um sonho e "perca seu tempo" com ele... Então vamos lá: força, garra, determinação, saúde, equilíbrio... é o que desejo a todos.

"E que tudo se realize no ano que vai nascer..."


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

AOS ATLETAS ANÔNIMOS

AOS ATLETAS ANÔNIMOS


     Como começar uma crônica sobre a data de hoje: o Dia do Atleta? Há três "eus" em mim que podem falar... A professora de Língua Portuguesa começa assim:

atleta:
em Latim, athleta; em Grego athletes, “competidor nos jogos”.
Vem de athlein, “competir por um prêmio”,
 relacionado a athlos, “disputa”
e a athlon, “prêmio”.

     Já a professora de Literatura começa assim:

O poeta e o atleta: 
"Os dois se parecem, pois têm necessidade de ultrapassar limites;
o poeta, os da mente, e o atleta, os do corpo."
(Ferreira Gullar)

     E a corredora? Bom, esta se aproveita das duas passagens acima para homenagear aqueles anônimos que travam uma disputa diária para ultrapassar seus limites. O prêmio? Saúde, satisfação, superação... Os atletas profissionais ganham a vida com isso: têm patrocínio, têm personal, treinador, nutricionista, academia particular, massagista.  etc., etc., etc... Não quero desmerecê-los... Mas quero merecer mesmo o trabalhador de comércio, o professor, o empresário, o aposentado, o gari, a dona de casa, a mãe, a enfermeira, a advogada.... que antes de partirem para mais um dia de trabalho, levantam cedinho para realizar sua atividade física. Ou que depois de encerrarem um dia de labuta, buscam energia para uma corridinha, uma caminhada, uma natação....
     Conheço corredores que despertam às 5h da matina e levantam com prazer, sabem que vão fazer algo de que gostam, algo que lhes dá satisfação, saúde... e depois vão trabalhar com mais energia... Encontro com vários, depois das 18h, que, com certeza, enfrentaram um dia pesado de trabalho e estão buscando na corrida um alívio para os problemas diários... Trocamos olhares, às vezes sorrisos, nos identificamos, fazemos parte da mesma tribo...
     São estes atletas, espalhados pelo mundo afora, que enchem as corridas de rua... que colorem as competições... que fazem de uma São Silvestre uma prova de 25 mil atletas... Pessoas que nem sempre sabem como se alimentar adequadamente... nem sempre têm uma orientação básica de cuidados com o corpo... pessoas que viajam quilômetros, passam a noite em trânsito, para viver minutos de emoção em corridas reconhecidas... Outros que se encantam com as provas televisionadas porque não têm condições financeiras para participar delas...
     A imagem acima diz tudo: Circuito das Estações, etapa verão/ RJ... quantas pessoas felizes, ali, compartilhando o mesmo momento, festejando a vida, o corpo, a saúde... Só queriam cumprir a prova, atravessar a chegada, ganhar sua medalha e voltar orgulhosas para casa... São pessoas vitoriosas... Venceram o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo, a obesidade, a hipertensão... E ainda precisam, muitas vezes, ouvir a pergunta: "O que você ganha com isso?" Ah... se as pessoas imaginassem o que a gente ganha com isso...



    Minha homenagem vai a todos nós, simples mortais,
que fazemos da atividade física um prazer diário.
Parabéns aos anônimos!!!
Nós somos o máximo!!!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

SOBRE MEDALHAS E MEMÓRIA

SOBRE MEDALHAS E MEMÓRIA


"Esses loucos que correm, eu os tenho visto...
Suas medalhas ficam penduradas pela casa para que a visita possa vê-las e tenha que perguntar.
“Esta é a do mês passado", por exemplo, tentando usar seu tom mais humilde.
“Esta é a primeira que ganhei", dizem eles, deixam de relatar que todos ganharam, incluindo os últimos a chegar e o inspetor de trânsito.

     Esta citação é parte de um dos textos mais bonitos que já li sobre corrida. Na verdade é um vídeo, cuja narração foi transcrita e traduzida do espanhol. Hoje me peguei cuidando de minhas medalhas. Estavam amontoadas na quina da estante.. que pouco caso.... foi preciso tanto suor para conseguir cada uma delas... tanta dedicação... tanto treino.... Ah, olhei uma por uma (ainda não são muitas, somam 21, pois sou uma corredora de 1 ano e 8 meses apenas. Me sinto engatinhando ainda...), relembrei as corridas... Cada uma conta uma história.
     A primeira que ganhei me falou da expectativa, do medo de não conseguir vencer aqueles 5km... Era Dia dos Pais, e a menina do interior foi para a capital correr... Havia alguém especial comigo, experimentando a mesma expectativa... Voltei à noite para jantar com meu pai e mostrar para ele aquela minha primeira medalha. Sentia-me o próprio Dean Karnazes correndo uma ultramaratona...
     A segunda inaugurou meus primeiros 10km, nova expectativa, novo medo. História marcante também, outra companhia muito especial... E vieram as demais...

"Esses loucos que correm... Inscrevem-se em corridas de 5 ou 20km e já sabem que não podem vencer, mesmo que todos os outros corredores desistam.
Ficam ansiosos em toda largada e alguns minutos antes do início precisam ir ao banheiro.
Ajustam seu cronômetro e tentam localizar as quatro ou cinco pessoas que precisam ultrapassar.
São suas referências de raça: “Cinco que são como eu.”
Passar de um deles será o suficiente para dormir à noite com um sorriso.
Adoram quando ultrapassam outro corredor … mas o encoraja e lhe diz que falta pouco e pede para não desistir."

     E este ano me preparei de corpo e alma para uma Meia Maratona... Corri uma... Inscrevi-me em outra... As duas corridas com muita emoção... Vieram duas 10 Milhas, uma regada a chocolates Garoto...hum.... E o Circuito das Estações e Eco Run e...e...e... Fui dependurando cada uma dessas medalhas num suporte sobre a cabeceira de minha cama, e relembrando histórias, pessoas, momentos....
     Ah, esses loucos que correm....

"Eles dizem que poucas pessoas hoje em dia são capazes de
 ficar sozinhas consigo mesmas uma hora por dia.
Os pescadores, nadadores e alguns mais.
Dizem que as pessoas não aguentam tanto silêncio.
Eles dizem que desfrutam do silêncio.
Eles dizem que fazem projetos e fazem balanços, que se arrependem e se parabenizam, se questionam, preparam seus dias enquanto correm e falam sem medo consigo mesmo.
Eles dizem que o resto busca desculpas para estar sempre acompanhado."
     Quando não estão correndo, estão pensando em corrida. Passei uma tarde me distraindo e, mesmo estando em casa, "parada", fiquei sozinha comigo mesma, desfrutando de um silêncio que me contava histórias. Fiz um balanço do ano e das 18 medalhas conquistadas com muito suor e dedicação... Foi um ano literalmente corrido (e meu joelho tem me falado isso, ultimamente tem me mostrado que existe... e ele era tão silencioso....).
     Ah, esses loucos que correm...
    O ano nem acabou e já me pego traçando planos para o próximo... E quero correr, correr, correr (que meu joelho não me ouça...).... Acrescentar medalhas a estas que hoje ganham um espaço novo na minha casa... Acrescentar UMA medalha em especial: a dos 42km percorridos....
     Esses loucos que correm?

"Eu acho que eles querem vencer a morte.
Eles dizem que querem ganhar a vida.
Eles estão completamente loucos."

UM BRINDE À NOSSA LOUCURA!!!! QUE TAL UMA CORRIDINHA????


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

DE CHUVAS E ARCO-ÍRIS



     Que chuva e Natal no Brasil se encaixam perfeitamente, como bonecas russas, já é de conhecimento de todos. Que graça  tem sair para fazer compras de fim de ano se não for preciso esconder embaixo de marquises? Se não for preciso esperar entre uma estiagem e outra? Pois é, isso é fato. E que atire o primeiro panetone quem nunca passou por isso...
    Mas, porém, contudo, todavia, entretanto... essa chuva incessante não inviabiliza, mas incomoda bastante nossa rotina de treinos. Há quem diga que corredor de verdade não se intimida com chuva. Bom, talvez eu seja uma corredora genérica, porque muito me desanima sair para correr na chuva. Talvez porque eu use óculos e qualquer chuva vire tempestade... talvez porque eu seja fresca mesmo... enfim...
     Mas eis que, hoje, São Pedro deu uma cochilada e a água cessou por alguns minutos. Aproveitei-me de uma nesga de céu azul e saí correndo... Ah, que delícia! Treino razoavelmente moderado... fim de ano...algumas subidinhas só para não perder o costume. Lá ia a Lílian pela estrada afora... sobe morro, desce morro, desvia de uma poça, de uma bike, de um cachorro...
     De repente, não mais que de repente, metade exata do treino, São Pedro despertou do cochilo e... claro... chuva... Não, eu não me escondi embaixo de uma marquise, afinal não estava em compras de Natal... Eu estava correndo, eu era uma corredora em ação, e há uma grande diferença entre sair para correr na chuva e começar a chover enquanto corremos. Aí sim, é gostoso!!! O corpo está quente, endorfina correndo a mil no organismo... Nesse momento a gente já ri de tudo e segue correndo... E sobe morro e desce morro e desvia de uma bike, de um cachorro... Não mais das poças, é claro... elas se tornam cúmplices de nossas passadas... Que mal faz molhar de baixo para cima se está acontecendo o mesmo de cima para baixo??? E sigo correndo, cantarolando Raul Seixas e seu medo de chuva findado...
     O bom da corrida, e só quem corre entende, é que o bem-estar que ela promove não permite que uma chuva de Natal estrague um treino de fim de tarde. A chuva caía do céu sim, mas dentro de mim parecia surgir um arco-íris... Colorido, trazendo esperanças de um tempo melhor depois das águas de dezembro...
     Termino meu treino e junto com ele cessa a chuva. Chega a ser engraçado, eu ali feliz por estar molhada da cabeça aos pés... Antes de entrar em casa, olho para o céu, nesgas de azul voltam a aparecer, e qual não foi minha surpresa... um arco-íris discreto, quase apagado, fazia aquele finzinho de tarde mais colorido...


domingo, 18 de dezembro de 2011

"Correr para se encontrar. Ou fugir". 


     Eis o título de um artigo que acabo de ler e que me chamou a atenção. 
     2011 acabando, meu segundo ano de corrida... E como corri!!! Foi um ano intenso, muitas provas, viagens, treinos... Conheci pessoas maravilhosas!!! Como o grupo de corredores é composto de pessoas saudáveis, risonhas, amigas!!! 
     Algumas pessoas, entretanto, aquelas que acham que a corrida é um esporte inexplicável - "Como pode você sair por aí assim correndo? Coisa de doido!" - me perguntam, cheias de graça: "Está correndo de quem?". Neste momento eu me pergunto de quê ou para quê tanto corri... Corri pela saúde, pelo desejo de me sentir viva, pelo "barato"  da corrida, pela necessidade de superação, pelos encontros... Mas percebo, num balanço do ano de 2011, que só me encontrei com os outros e fugi de mim... Sim, a corrida pode ser uma fuga... dos problemas? da rotina? de nós mesmos... 
     "Corro o mais depressa que consigo, como se pudesse deixar-me para trás, como se pudesse correr tão depressa que, num momento, me soltasse de mim e me deixasse a mim próprio para trás, como se avançasse para fora do meu corpo e, através da velocidade, me purificasse."
     Fugi de mim e fui ao encontro dos outros.... E como a vida é repleta de desencontros...
     2012 se anuncia, com ele sonhos, um em especial: uma maratona... Continuo, pois, correndo - RUN, LÍLIAN, RUN!!!! - pela saúde, pelo desejo de me sentir viva, pelo "barato"  da corrida, pela necessidade de superação, pelos encontros... mas, sobretudo, pelo reencontro comigo mesma
     " ... e corria porque encontrava o silêncio de uma paz que julgava não me pertencer. Não sabia ainda que era apenas o reflexo da minha própria paz..."

Os dois trechos citados são do livro "Cemitério de pianos" (José Luís Peixoto)



"Quanta mudança alcança o nosso ser...."

Era uma vez uma foto...
...e depois dela uma decisão:

E, então, uma paixão...