MINHAS PRÓXIMAS CORRIDAS

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

SOBRE MEDALHAS E VALORES (Crônica publicada na edição nova da revista Boratreinar, nov. 2012)


Olho para a parede, às vezes "viajo" nas medalhas ali expostas, relembrando as histórias encravadas nelas... Quantas histórias! Quantas pessoas especiais se camuflam ali! Batem saudades, a emoção aflora, dizendo para mim que as histórias se passaram sim, mas que bom que elas ficam na memória... E que mesmo que provoquem lágrimas, elas são responsáveis pela mulher que sou hoje, pela corredora que sou hoje, pela escritora que sou hoje... Que bom que elas fazem de mim uma mulher DE SUOR E POESIA...

Os seres humanos têm o hábito de colecionar objetos, os mais inusitados possíveis... Minha coleção mais preciosa no momento é a de medalhas... E hoje me deu vontade de escrever sobre elas... As medalhas que vamos acumulando nas paredes. Na verdade, não é o objeto em si que importa... Importa a história que cada uma das medalhas carrega incrustada nela... Esses objetos, cada um de um tamanho, um formato, uns muito bonitos, outros nem tanto - às vezes com a fita mais bonita que a própria medalha - são a prova visível da estrada que vamos percorrendo neste universo da corrida... É muito suor transpirado, muito treino realizado, muita abdicação... Às vezes, passamos por dores físicas, lesões... Mas também é muita alegria, muita euforia, muita superação... É muita amizade que vamos fazendo pelos caminhos; é muita vida em efervescência que vamos experimentando pelos trajetos...
 As medalhas ficam ali, enfeitando a parede, dando-nos orgulho de nossas conquistas; mas elas pegam pó, às vezes oxidam, vão se desgastando com o tempo... Só que elas dizem muito, mesmo que empoeiradas, mesmo que oxidadas... Sim, elas dizem muito...  Às vezes escolho uma, pego e começo a me lembrar de como foi a corrida, quando foi, com quem eu estava, em que momento da minha vida ela aconteceu... As medalhas funcionam como um diário das nossas corridas...
Cada um de nós escolhe um critério para organizá-las, ou às vezes não adotamos nenhum critério, e elas vão sendo penduradas aleatoriamente... Eu agrupo por diferentes “pesos”, digamos assim: em um porta-medalhas, as que representam as corridas que considero mais marcantes... Em outro, as corridas deste ano; em outro, as demais... E elas vão migrando de um lado para outro à medida que mais corridas vão sendo realizadas...
E não é a quilometragem que importa na classificação das mais marcantes: ao lado da medalha da minha maratona está a medalha dos meus primeiros 5 km... Assim como a dos primeiros  10 km, das primeiras 10 milhas, da primeira meia... E junto a elas estão as medalhas especiais de premiação por faixa etária...  Cada corrida gera uma história única: os primeiros 5 km têm tanto peso quanto os 42 km, dois anos e meio depois... A primeira corrida tem a marca da superação inicial... Aquele estágio em que resolvemos sair do conforto do sedentarismo para uma vida ativa... A marca das primeiras dificuldades, das primeiras dores musculares; mas também das primeiras euforias provocadas pelo “bichinho da corrida”, da primeira emoção de atravessar a linha de chegada... Depois as metas vão aumentando, os desafios também, e cada distância trará suas próprias emoções...
Não é assim, meu amigo leitor? Meu amigo corredor? Não importa quantas medalhas você tenha... Que seja uma... Dê uma olhada diferente para ela hoje... Se você já tem várias, escolha uma aleatoriamente, pegue-a e procure lembrar como foi  a corrida que ela representa... Com quem você estava? Onde aconteceu? Qual era seu objetivo naquele momento? Tem fotos desta corrida? Pegue-as, veja suas expressões: eram de alegria, de cansaço, de esforço? Tente lembrar a emoção que sentiu ao terminar a corrida...
Que bom que somos feitos de lembranças!!! Que bom que alguns objetos no ajudam a reativar essas lembranças!!! Receio que chegue um dia em que o acúmulo das medalhas me faça perder o controle sobre as histórias e as emoções... Mas até esse dia chegar, ‘boratreinar, meus queridos leitores!!! ‘Bora correr e trazer muitas, muitas, muitas histórias para casa!!! ‘Bora colocar no peito muitas emoções!!! ‘Bora enfeitar nossas paredes de amigos, sorrisos, lágrimas e superações!!!
                                                       Foto: Gleice Medeiros

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

MUITO ALÉM DO LADO MATERIAL....

Você corre para quê? Por saúde? Pelas amizades que se constroem? Pela superação? Há pouco tempo "descobri"  ou "me contaram" que, diante de minhas metas, não posso dizer que corro por saúde... Que o esforço a que submeto meu corpo, treinando para os 42 km (ou mais, como já sonho), pensando em um pouquinho mais de velocidade, promove um desgaste físico que não me permite dizer que corro pela saúde... Sei lá... Qual seria o limite entre o que é saudável e o que não é na corrida? Não sei...

Corro pelas amizades? Basta olhar minhas fotos no facebook e perceber o quanto algumas companhias têm se tornado constantes em alguns treinos e corridas... A família de corredores é sempre muito unida e alegre, esta família que encontrei aqui no ES tem só fortalecido essa afirmativa. É uma turma linda de verdade! É minha família em terras capixabas...

E a tal da superação??? Acredito que grande parte dos corredores deseja se superar de alguma forma: aumentar distâncias, velocidade, melhorar suas marcas pessoais... Seja atravessar sua primeira linha de chegada; seja correr mais 100 m, 200 m, 500 m... 1 km... Seja correr a mesma distância em menos tempo ou de modo mais confortável... Qualquer caso desses e outros inúmeros é superação... Cada um sabe da sua e, se para o outro ela pode parecer pequena, para a pessoa ela é imensurável....

Há também uma parcela de corredores que se cobra um pouco mais e, após cruzar várias linhas de chegada, começa a sonhar e a projetar uma medalha a mais na mesma prova, uma colocação entre os primeiros da faixa etária ou na classificação geral... E o momento de consagração dessas superações se dá com a subida ao pódio. Às vezes é apenas um degrau, alguns centímetros que se afastam do chão, mas subir esse degrau equivale a realizar uma verdadeira escalada, que começou com aqueles trotes iniciais, difíceis, sôfregos, quando deixamos de ser um sedentário e passamos a nos aventurar neste terreno das corridas. Aqueles poucos segundos em cima desse degrau podem representar toda uma vida, podem celebrar a cura de uma doença, a vitória frente à obesidade. Para quem "está de fora" pode parecer supérfluo, apenas um detalhe... Mas para quem conquistou qualquer marca a mais, aquele é o seu momento de consagração: aquele momento em que o corredor atravessa a linha de chegada e beija o chão, que abraça o amado ou a amada que o espera;  que beija a medalha balançante sobre o peito... E quando se espera o nome ser anunciado? Ao ouvi-lo, o grito vai eclodindo lá de dentro do peito, invadindo a garganta e explodindo num êxtase de satisfação; às vezes é quando as lágrimas que marejam os olhos se tornam tão caudalosas que escorrem pelos cantos dos olhos, que já não comportam tanta emoção... Ou é o sorriso esbanjado que vai se formando e parece não caber na moldura do rosto...

Ah, não privem um corredor desse seu momento tão seu e ao mesmo tempo tão nosso... Não, não o privem de escalar uma vida toda durante aquelas frações de segundos que duram a subida ao degrau... Não o privem da foto que eterniza o momento... Privá-lo desses instantes equivale a ver uma comédia e não se divertir, a ver um drama e não se emocionar, a esperar por um orgasmo e não gozar... Fica a sensação de uma emoção que se preparou para ser expurgada, mas precisou ficar contida... Ela fica ali, como entalada no peito, tendo que ser diluída, quando deveria ter sido deliciosamente liberada...

Permita ao corredor ser um sujeito completo, seja buscando sua saúde, seja correndo com seus amigos, seja almejando suas pequenas e progressivas vitórias... Disse o poeta: "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". E cada um sabe a dor e a delícia de se entregar de corpo e alma às corridas, aos treinos, à disciplina... De se doar por inteiro por alguns quilômetros e correr, correr, correr... E querer alcançar seus pódios, suas marcas e medalhas... Suas pequenas consagrações diárias... Permita-lhe se emocionar... Ali não está apenas um corpo que corre e se satisfaz com  a endorfina na veia e com os músculos que latejam, acusando o esforço feito; não é apenas físico... Ali está um ser que se emociona, que sente além do físico, que vibra com o que há além da matéria das medalhas e dos troféus e dos degraus...

"Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui /percorri milhas e milhas antes de dormir / eu não cochilei/ os mais belos montes escalei / nas noites escuras de frio chorei..."

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

MATÉRIA PUBLICADA NO SITE TERRA: "Professora cria paixão por esporte e perde 24kg correndo"



Professora cria paixão por esporte e perde 24kg correndo

16 de outubro de 2012 07h58
Mineira da cidade de Barroso, a professora Lílian Moreira, de 33 anos, começou a correr no início de 2010 para manter forma, depois de quase chegar à .... Foto: Bruno Fernandes/Terra
Mineira da cidade de Barroso, a professora Lílian Moreira, de 33 anos, começou a correr no início de 2010 para manter forma, depois de quase chegar à obesidade, e hoje diz não conseguir mais viver sem a prática
Foto: Bruno Fernandes/Terra
Os motivos que levam uma pessoa a praticar corrida podem ser os mais variados.  Mas a razão pela qual elas não conseguem mais deixar o esporte depois é uma só: paixão. Esse é caso da professora Lílian Moreira, de 33 anos. Mineira da cidade de Barroso, ela começou a prática no início de 2010, como exercício para manter forma. A professora conta que antes disso chegou a um estágio inicial de obesidade, pesando 86kg, com seu 1,64 m de altura, até que resolveu tomar uma atitude para mudar isso. "Me matriculei numa academia, comecei a mudar meus hábitos alimentares e aos poucos fui emagrecendo. Foi aí que uma amiga de academia me chamou para participar de uma corrida de 5km em Juiz de Fora (MG), onde eu morava na época. Nunca havia corrido na minha vida, mas resolvi aceitar a proposta. A corrida entrou na minha vida a partir daí. Era a motivação que faltava para ajudar a me manter em forma", conta.

A corrida em Juiz de Fora, marcada para julho de 2011, acabou não ocorrendo e a estreia de Lílian acabou acontecendo em agosto do mesmo ano, em Belo Horizonte, numa prova de 5km. O princípio, recorda ela, foi difícil como tudo que se faz pela primeira vez na vida. "Lembro do primeiro treino, quando intercalava quatro minutos de caminhada com um minuto de trote. Era difícil, doía tudo, faltava fôlego, mas era motivador. Costumo dizer que as pessoas precisam ser persistentes no início, para vencer o desconforto inicial, e ser pacientes, porque ninguém sai correndo 10km logo de cara. Se conseguirem deixar o prazer da corrida invadir, acabam fisgadas", afirma, dizendo que sua persistência foi motivada em primeiro lugar pelo objetivo de cumprir a prova, a seguir pela vontade de se manter em forma e depois pelo prazer que a prática lhe proporcionou.

Desde então, a professora confessa que acabou se viciando em correr e não parou mais. "Hoje, eu respiro corrida 24h por dia. Gosto de divulgar isso, mostrar como podemos mudar a vida com determinação e disciplina. Este ano realizei o maior sonho que tive até hoje, que era completar minha primeira maratona. Foi simplesmente indescritível", comenta Lílian, que encarou pela primeira vez os 42km em julho, na Maratona do Rio de Janeiro.

Ela ressalta que a corrida não só a ajudou a ficar em forma (hoje mantém seus 60 kg), mas também a adotar um estilo de vida mais saudável, tornar-se mais autoconfiante, conhecer novos lugares e pessoas e fazer novas amizades. Foi assim que resolveu criar um blog para contar suas experiências no esporte (http://desuorepoesia.blogspot.com.br) e unir as duas maiores paixões de sua vida, as letras e a corrida. "Eu tenho formação em letras, gosto de escrever e acabei criando o blog para poder falar das corridas de modo emotivo, literário. Meu grande sonho é ser reconhecida como escritora", conclui. Afinal, "não importa a distância, quantos metros ou mil metros cada um vai percorrer. Importa o que cada centímetro, o que cada passo, o que cada gota de suor significam para quem os está experimentando" (uma crônica de primavera...).

Roda Livre
Especial para o Terra
A professora chegou a pesar 86kg, com seu 1,64 m de altura, até que resolveu tomar uma atitude para mudar. Se matriculou em uma academia, mudou os hábitos alimentares e começou a correr   Foto: Arquivo pessoal/TerraLílian comenta que o começo foi difícil, mas persistiu, em primeiro lugar motivada pelo objetivo de correr uma prova de 5km, a seguir pela vontade de se manter em forma e depois pelo prazer que a prática lhe proporcionou  Foto: Bruno Fernandes/Terra
Em julho deste ano, ela realizou o maior sonho que teve até hoje, ao completar seus primeiros 42km na Maratona do Rio de Janeiro. Na foto, exibindo a medalha da conquista  Foto: Gleice Medeiros/TerraEla ressalta que a corrida não só a ajudou a ficar em forma, mas também a adotar um estilo de vida mais saudável, tornar-se mais autoconfiante e fazer novas amizades. Assim resolveu criar um blog para contar suas experiências e unir as duas maiores paixões de sua vida, as letras e a corrida  Foto: Bruno Fernandes/Terra

domingo, 21 de outubro de 2012

COM SABOR DE SUPERAÇÃO...

"Os números não mentem. 
Não há  espaço para a desonestidade na corrida, 
de distâncias a tempos. O que você doa de si é o que vai receber..."
A inspiração para a crônica de hoje veio de uma nova conquista: chegar ao pódio da minha faixa etária... Subir neste pódio e receber a medalha é o fruto da dedicação que eu doo a meus treinos. Cada pessoa corre com um objetivo: qualidade de vida, diversão, superação... E é baseado nesse objetivo que a gente vai traçando nossas metas... Talvez uma personalidade muito autoexigente faça de mim alguém que quer sempre se superar... Em tudo na vida... Se isso é bom ou perigoso é algo que eu tenho que ir administrando para eu não querer do meu corpo mais do que ele pode me oferecer.
A corrida é uma diversão para mim, corro por prazer... Treino com prazer, mas com dedicação também. E diante da disciplina, acabo me cobrando superações... Eu me dedico a tudo o que eu faço e gosto: trabalho, amores, amizades, e com a corrida não é  diferente... E os resultados são consequência dessa disciplina.
É com prazer que treinamos, sim, mas não podemos negar que exige de nós um esforço grande... Levantar cedinho, abrir mão de determinados excessos, cumprir planilhas... Encaixar os treinos em nossa rotina também é algo complicado, afinal, a corrida é nosso lazer, não nossa profissão... Treinar nas quintas-feiras, às 13h, não é por vontade minha, mas por necessidade... É uma realidade que eu tenho que encarar, ou deixar de treinar  uma vez na semana... Mas quando o treino começa e a endorfina dispara dentro de nós, esquecemos esses esforços e vamos em frente... O prazer toma conta...
Durante as corridas, quando bate o cansaço e aquela vontade de dar uma reduzida ou uma paradinha, eu costumo me lembrar de tudo o que eu fiz para estar ali... E isso vale para todas as corridas, independente da distância... Na maratona foi assim, quando, lá pelo quilômetro 37, bateu aquele cansaço, aquela dor nas pernas, a vontade de parar e a pergunta "o que eu vim fazer aqui?" começou a me assombrar... Mas então eu lembrava o que eu tinha ido fazer ali: tinha ido me superar, tinha ido me mostrar que, se nos prepararmos, condicionarmos o corpo, respeitando-o, o impossível fica tão distante... E em corridas como a de hoje às vezes bate aquela conversa íntima: "Puxa, você está se dedicando, treinando com disciplina, já superou tanta coisa..."
Lembro-me como se fosse hoje, de quando, ao fim da minha primeira meia maratona (17 de julho de 2011 - Golden Four - BH), faltando 1 quilômetro para cruzar a linha de chegada, cansada, emoção querendo sair com toda força do peito, minha playlist parece ter escolhido a música que eu ouviria: uma música que com frequência eu me lembro durante as corridas, durante aqueles momentos de cansaço...
"Eu não vim até aqui pra desistir agora [...]
Se depender de mim
Eu vou até o fim
Voando sem instrumentos
Ao sabor do vento
Se depender de mim
Eu vou até o fim..."
(Engenheiros do Hawaii - "Até o fim")
E eu tenho ido até o fim das corridas... Chego feliz ao final de todas... Independente do tempo... Costumo comentar em fotos das minhas medalhas: "mais uma para se somar às outras histórias e emoções". E, realmente, cada uma, uma história; cada uma, uma emoção diferente - ou várias emoções...  Olho para a parede, às vezes "viajo" nas medalhas ali expostas, relembrando as histórias encravadas nelas... Quantas histórias! Quantas pessoas especiais se camuflam ali! Batem saudades, a emoção aflora... Agora mesmo, escrevendo essas palavras, a emoção brota com força, dizendo para mim que as histórias se passaram sim, mas que bom que elas ficam na memória... E que mesmo que provoquem lágrimas, elas são responsáveis pela mulher que sou hoje, pela corredora que sou hoje, pela escritora que sou hoje... Que bom que elas fazem de mim uma mulher DE SUOR E POESIA...
Não vim até aqui / Pra desistir agora / Entendo você / Se você quiser ir embora
Não vai ser a primeira vez / Nas últimas 24 horas / Mas eu não vim até aqui
Pra desistir agora / Minhas raízes estão no ar / Minha casa é qualquer lugar
Se depender de mim / Eu vou até o fim / Voando sem instrumentos
Ao sabor do vento / Se depender de mim / Eu vou até o fim
Eu não vim até aqui / Pra desistir agora / Entendo você
Se você quiser / Ir embora / Não vai ser a primeira vez
Em menos de 24 horas / A ilha não se curva
Noite adentro / Vida afora / Toda a vida
O dia inteiro / Não seria exagero / Se depender de mim
Eu vou até o fim / Cada célula / Todo fio de cabelo
Falando assim / Parece exagero / Mas se depender de mim
Eu vou até fim / Não vim até aqui pra desistir agora

domingo, 14 de outubro de 2012

UM ARCO-ÍRIS EM PLENA AVENIDA...



Hoje, meus amigos, eu vi a poesia travestida de arco-íris... 

Hoje não vou falar de SUOR e POESIA, vou falar de CORES e POESIA... O suor costumeiro, que mina de nossos poros efervescentes durante as corridas, hoje se metamorfoseou, ganhou tonalidades vivas... Hoje não vou falar de endorfina que toma conta do nosso organismo após alguns minutos de corrida, vou falar da adrenalina de se vivenciar um momento alegre como o da Corrida das Cores... Não, não vou falar da passada ritmada dos corredores; vou falar do descompasso proposital, para uma foto, um encontro, um banho de tinta.. Não vou falar de pódios, mas de confraternização...

Hoje eu vi uma multidão diferente, ansiosa pela  novidade que estava por vir... Uma multidão-criança travestida de cores, respirando alegria... Uma multidão-família, com pais e filhos compartilhando a mesma euforia... Uma multidão-corredores capixabas, repleta de gente do bem... Gente que se reúne não só para treinar, mas para recolher mantimentos, para doar os rabinhos dos cabelos para uma campanha... Gente que se doa de corpo e alma ao que faz...

E foi assim, de corpo e alma, que nos preparamos para a corrida. Fizemos roupas, fizeram roupa para a gente, compramos assessórios, ganhamos assessórios, marcamos o encontro e... O encontro foi lindo!!! Estampava-se no rosto de cada um e de cada uma a satisfação de o dia tão esperado ter chegado... Haja foto para tentar captar toda essa satisfação!!! Mas as máquinas registram momentos que se congelam, e satisfação é algo errante, vai caminhando de uma pessoa para outra, contagindo o ambiente, lastrando-se como uma labareda  de fogo alimentada pelo vento... Quem está de longe, observando, tem noção do que acontece onde a efervescência ocorre; mas sentir mesmo, experimentar na pele e na alma, só quem está ali no centro vivenciando... Só quem se entrega de verdade ao momento... Quem vê as fotos imagina o quanto deve ter sido divetido tudo aquilo, mas saber mesmo o quanto foi divertido e verdadeiro, só quem  sentiu na pele e no coração cada segundo que durou o evento...

E foi dada a largada para a alegria... E não havia ali a menor necessidade nem vontade de sair como louca, desenfreada, pensando em tempo, em quilometragem, como faz a corredora inveterada que se esconde em mim... Ali estava muito mais a menina, a mulher, a escritora: vivendo e sentindo
cada momento, podendo tirar algumas fotos dos amigos; podendo, de verdade, ir registrando na mente e no coração a alegria múltipla que se instaurava pelas ruas da cidade... E ali não havia quem fosse corredor amador, quem fosse atleta profissional, quem  fosse maratonista ou quem estivesse correndo pela primeira vez... Éramos todos iguais, em busca de diversão...

E os  quilômetros foram sendo percorridos na expectatitva da cor que estava por vir.... Fechamos o 1 km com a cor azul... Azul do céu quando está feliz; azul do mar refletindo o céu feliz... Seguimos, pintados, rindo à toa, brindando à vida... E no  2 km, chega a vez do amarelo... Cor vibrante, dos raios de sol que faltaram no céu, mas sobraram entre nós... Iluminávamos-nos cada vez mais diante da euforia que vivíamos... Amarelo-ouro, símbolo de riqueza que, mesclado ao azul, fundindo-se com ele, deixava-nos esverdeados de esperança... Esperança de  que a vida fosse assim em mais momentos: colorida, leve, repleta de risadas, de passadas descomprometidas... E fomos, azuis, amarelos, esverdeados,  em busca do vermelho que avistamos ao longe... Vermelho, símbolo da vida, da força, de energia.. Energia que exala de nosso corpo, onde o sangue corre mais rápido do que as nossas passadas no asfalto colorido... E o banho avermelhado dá-nos uma tonalidade mais forte, mais viva para seguirmos em direção à proxima cor: rosa. Rosa menina, rosa criança, rosa encanto...

E assim, como um arco-íris ambulante, fechamos a corrida: cinco quilômetros de  diversão total... E, a partir dali, o momento dos reencontros... Como loucos nos abraçávamos e nos entendíamos... Aliás só mesmo loucos que correm para entender outros loucos que correm... Ficamos ali, curtindo-nos mais um pouquinho, vendo chover tinta colorida, contribuindo com gotinhas de tinta para a chuva... Alguns dançavam, as crianças brincavam, os adultos tiravam fotos... E eu ali vendo tudo isso
acontecer e pensando: "Eis a POESIA viva diante de meus olhos".


Foi isto o que eu vi esta manhã: a poesia acontecendo na avenida, em cada rosto sorridente, em cada sainha de tule, em cada pacotinho de pó colorido, em cada flash, em cada abraço...

 
 
 



Hoje, meus amigos, eu vi a poesia travestida de arco-íris... 


domingo, 30 de setembro de 2012

UMA CRÔNICA DE PRIMAVERA....

Não importa a distância, quantos metros ou mil metros cada um vai percorrer. 
Importa o que cada centímetro, o que cada passo, o que cada gota de suor 
significam para quem os está experimentando.



Corredores Capixabas reunidos para um treinão (30/09/2012)


E a crônica nasce assim: numa manhã de domingo que tinha tudo para ser nublada, triste e que, pelo contrário, surge linda!!! E não só pelo céu azul e o sol prometendo fazer arder os poros, mas pelos encontros a se realizarem... Encontros de pessoas que possuem em comum pelo menos um ponto: a paixão pela corrida... Somente essa paixão para reunir, antes das 8h da manhã de um domingão, mais de 60 pessoas... Somente esta afinidade para alguém que só esteve com você uma única vez lhe oferecer uma carona e ainda buscar você em casa... Ou fazer uma sainha especial para a próxima corrida... Algumas pessoas vão chegando tímidas, primeira vez entre aquela galera...Outras vêm fazendo barulho, bem populares e queridas... Ainda outra que se aproxima e se apresenta: "Olha, já comentei lá no seu blog..." Outros que observam mais afastados, em grupinhos que logo se abrem, fundindo-se no grupão...

 
E parte aquela turma pelas ruas afora... Alguns buscando parceiros de ritmo e quilometragem... Outros se conhecendo... E rola um bate-papo que segue em cadência com os passos que acabam sendo sincronizados... Vocês já pararam para ouvir a música dos passos de corredores que seguem juntos, em mesmo ritmo? Quando o silêncio impera, em momentos em que a cadência acaba sendo mais forte? Você acaba sendo levado por aquele som e segue na frequência, numa dança ao mesmo tempo particular e compartilhada, em que corpos, corações e mentes seguem juntos por alguns instantes...

E cada um segue em busca da distância almejada... 5 km? 8 km? 10 km? 12 km? 15 km? 18 km? Que importa? O que vale é que respeitemos nosso corpo, nosso condicionamento... O grupão vai se fragmentando por alguns minutos... Passamos por um, por outro, até encontrar alguém que acompanhamos... Seguimos: retas, curvas, subidas e descidas... De repente, num intervalo entre as sincronias, um desabafo... E você descobre alguém que entende o que você sente, sabe - porque também vive - as angústias diárias que a vida nos proporciona... As cobranças pessoais, as cobranças sociais... Ah, essas cobranças pessoais!!! E seguimos, em passadas cada vez mais firmes, com a alma mais leve... Agora confidentes de um sentimento tão próximo... E são mais retas,  e mais curvas, e mais subidas, e mais descidas...

Aos poucos vamos terminando o treino, cada um cumprindo aquela meta do dia... Corpos suados, poros em transpiração excessiva, sorrisos nos rostos... O grupão vai se refazendo aos poucos, novamente. E chega um, e outro, e mais um, e mais outro... E o bate-papo, o relaxamento, as trocas de experiências...

Tudo isso é motivação... E precisamos de motivação para seguirmos em busca de nossos objetivos... Porque nem sempre é fácil... Vocês sabem, por mais prazerosa que a corrida comece a se tornar, é uma desestabilização do corpo em repouso... No início, dói tudo... E, quando nos acostumamos, forçamos um pouquinho mais, e dói mais um pouquinho... Vai entender essa paradoxal necessidade que sentimos de querer sempre um pouquinho mais, mesmo sabendo que o esforço será maior... Sim, precisamos de motivação... Às vezes é a rotina que vem nos atropelando e quase nos levando em seu ritmo acelerado... E precisamos insistir para não perdermos o ânimo...

E às vezes a motivação vem assim - de um comentário como o que recebi ontem em uma crônica anterior: "Com seus posts, dá vontade de largar tudo e começar logoooo!!! Obrigada por me motivar tanto!!!" Puxa, Eliza Karla, eu é que me sinto motivada a escrever mais quando alguém fala assim para mim. E a correr mais também, porque o SUOR e a POESIA que eu procuro deixar por aqui são despertados pelas passadas compassadas que dou por aí em companhias tão lindas... Eu é que agradeço a vocês, corredores capixabas, por fazer parte de um grupo tão lindo!!!
                                   Com Eliza Karla


'Bora rezar para a semana passar rapidinho? Afinal, domingão que vem tem mais!!!!
'Bora correr, meus queridos!!! 'Bora viver!!! 'Bora ser feliz!!!!

sábado, 8 de setembro de 2012

COM SABOR DE CHOCOLATE

                                                           O que dizer do prazer de receber amigas em casa,
de rever amigos corredores, 
de me sentir cada vez mais à vontade 
na nova terrinha?  
                                                         
                            Apontando para a direção da minha casa, a um quarteirão do trajeto da corrida.


As 10 Milhas Garoto entraram em minha vida ano passado, quando, ainda morando em Minas Gerais, vim em caravana correr esta prova. Achei uma corrida linda e já planejava voltar este ano... Apenas não  podia imaginar que, menos de um ano depois, eu estaria morando em Vila Velha, bem pertinho do trajeto das 10 Milhas... E este ano o sabor da corrida foi mais adocicado... E nem foi por causa do chocolate, foi mesmo o sabor das amizades... 

Nesta minha breve vida de corredora, 2 anos e 6 meses, eu fiz amigos que me recebem em suas casas quando eu vou correr na cidade deles. É sempre tão gostoso, me sinto tão bem entre eles! Possuímos afinidades, tornamo-nos confidentes e cúmplices... E a corrida acaba nos propiciando lindas amizades, que vão se fortificando a cada dia... Este fim de semana tive o prazer de, pela primeira vez, receber duas amigas  corredoras em minha casa. Não é questão de retribuir o que tenho recebido, mas de compartilhar o prazer de instantes juntas... Apesar de uma breve estadia, pudemos passear um pouco, conversar, irmos juntas ao jantar de massas e à corrida...
Com Gleice Medeiros e Raquel Pinheiro...

E estes instantes foram vividos também com outros amigos que estiveram na cidade: amigos de Juiz de Fora, de São João del-Rei, do Rio de Janeiro... O círculo de amizades vai só aumentando... E os amigos dos amigos vão se tornando nossos amigos também... Essas relações que vão se estabelecendo não têm preço... Estar numa corrida de porte médio, digamos assim, como a da Garoto, e reconhecer várias pessoas é muito satisfatório... 

E o prazer de ser parada na rua por algum corredor se apresentando, dizendo que está no meu face, segue meu blog, curte minhas postagens, minha história e que se sente motivado com elas? Puxa, isso tudo me faz mais forte para me manter firme em meu caminho... Não é fácil perder 30kg e me manter no peso... Nem sempre é fácil manter uma disciplina de treinos, considerando os compromissos profissionais... Não, nada disso é fácil; mas quem corre, quem já fez da corrida uma paixão, um estilo de vida, vê sentido em cada esforço realizado para treinar. E aqueles que se dizem motivados por mim não sabem a motivação que me transmitem...

E ali, naquela manhã de domingo, nas terras da Moqueca e da Garoto, éramos todos iguais... Formávamos uma grande comunidade de corredores, tomando as ruas de Vitória rumo à Vila Velha... Formamos um mar de camisas amarelas, salpicado de algumas gotas multicoloridas, das diversas assessorias que se fizeram presentes. E era um mar tão bonito!!!. Um mar que foi invadindo a 3a ponte e passou por cima dela... Tomou conta de toda a pista.. Seguiu em ondas que se movimentavam ora mais rapidamente, ora mais lentamente... Um mar de pessoas guerreiras, que mais um dia venciam o sedentarismo, que enfrentavam o calor capixaba e a subida da ponte para celebrar a vida... 

Esse mar de corredores, quando desaguou em Vila Velha, foi se espalhando por suas ruas, tomando a direção da fábrica de chocolates... E era lindo, ao dobrar as ruas, encontrarmos os moradores da cidade vibrando com nossa passagem... Vibravam... E eu pude, em meio a tantas vibrações, identificar a de um ex-aluno ao me ver passar...  Ele, que havia corrido a Garotada, estava ali, apoiando os adultos que corriam... 

E em ondas seguíamos... Em ondas íamos sendo levados... Em ondas atravessávamos a linha de chegada... E quando as ondas ali quebravam, respingavam corredores para todos os lados... Eu procurei estar alguns segundos com alguns amigos que chegavam... Queria abraçá-los, parabenizá-los, dizer que estávamos juntos, que ali éramos todos iguais... 
 Com Nonô Xavier...

Com meu aluno Bruno de Andrade...

Com Priscila Angeli...

 Com Taíssa Gomes...

Com Ignez e Denilson...

Com Maurício Vivas, Andrea Marins e Raquel Pinheiro

Com Tatiana Yuri e Rowena Tabachi...

Com Jamili Saade...
Com Aparecida Sandim...

Com Raquel Pinheiro, Gleice Medeiros e Gedair Reis...

 Mineiros e cariocas...

E foi uma linda celebração!!! Para alguns, um sonho realizado...Para outros, um recorde temporal conquistado... Para alguns, a superação da sede, da dor, do cansaço... Para outros, um passeio num cenário  grandioso... Para todos: uma medalha no peito - que, muito mais do que um objeto na parede, é um símbolo que se preenche de histórias... Cada um com a sua história... A história que se camufla na minha medalha é esta que você acabou de ler... Cheia de doçura, com sabor de chocolate... E a sua, qual é? Compartilha com a gente, deixando um comentário: o que a Garoto significou para você???