Era para
ter sido uma manhã de domingo daquelas em que só se sai da cama quando o corpo
já não aguenta mais ficar deitado... Chovia lá fora... Fazia um friozinho,
daqueles bem tranquilos que se fazem aqui em terras capixabas... Uma manhã
perfeita para ler um livro, assistir a um bom filme ou, simplesmente, dormir...
Mas havia
um encontro marcado; um evento a ser realizado... E enquanto a maioria das
pessoas nem pensava em se levantar, outras já se agitavam... Espalhadas por
diferentes lugares, elas se vestiam e se preparavam para ir ao encontro umas
das outras... Algumas já amigas de velha data... Outras apenas conhecidas... E
mesmo as que não se conheciam estariam reunidas no mesmo local, com o mesmo
objetivo.
E não houve
chuva ou tempo feio que segurasse essas pessoas em casa. Foi se dando uma
aglomeração em plena rua. Elas – quase todas – vestiam a mesma camisa, calças
ou bermudas parecidas e, nos pés, eram tantas cores diferentes e vivas que
parecia haver uma aquarela espalhada pelo chão...
Esbanjavam
uma alegria contagiante. Riam, abraçavam-se, tiravam tantas fotos que mais
pareciam querer eternizar aquele momento. Eram de idades variadas, profissões
variadas, gostos variados...
De repente,
começaram a se mover na mesma direção. E iam correndo, tomando as ruas da
cidade... Algumas concentradas, mais rápidas... Outras em bate-papo com o
colega do lado... Ainda, aquelas que seguiam o fluxo, ao ritmo do som que
ouviam... Subiam e desciam morros, faziam expressão de esforço, mas seguiam... Ficavam
cansadas, davam uma pequena caminhada, mas seguiam... Algumas sentiam dores,
mas seguiam... Foram se apoderando do asfalto. Iam, às vezes, quase que em fila
indiana, em respeito aos carros que vinham... Algumas outras pessoas lhes
entregavam água e lhes tiravam fotos e
mais fotos... E elas seguiam...
Parecia que
buscavam alguma coisa...
Foi quando
se depararam com um horizonte de águas salgadas... Lindo! E era como se aquela
visão lhes aumentasse a velocidade, como se quisessem ir ao encontro daquelas
águas... Serpentearam pelas últimas ruas e vibraram quando estavam prestes a
parar... E a fila indiana foi se transformando em nova aglomeração...
E, então, mesmo
suadas e cansadas, aquelas pessoas continuavam alegres e ainda se abraçavam e
tiravam mais e mais fotos... Estavam felizes... Estavam extasiadas... E sim,
elas buscavam alguma coisa: preencher aquela manhã (feia? chuvosa? fria?) de
sentido, preencher aquele dia de vida...
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