"Quando o sol acena, parte em mim
Diz valer a pena ser assim,
Que no fundo é simples ser feliz..."
Semana passada tive uma outra experiência marcante... Era uma manhã linda... Sabem, LINDA, assim, com todas as letras maiúsculas mesmo!!! Céu azul, sem nenhuma nuvem, sol "nascendo" no mar, uma manhã de feriadão e eu celebrando meus 33 anos de vida... Resolvi me dar de presente de aniversário um longão. De início, planejara 22km, mas eu me sentia tão bem e tão feliz por estar vivendo aquele momento que fui aumentando a quilometragem e concluí ao completar 27km... Prometi a mim mesma um treino sem sofrimento e cumpri o prometido: foi um treino para curtir a paisagem, parando, quando necessário, para uma ducha ou uma água de coco... Ouvindo música, sem me estressar com a marcação de tempo...
Ora, podem dizer, assim é fácil percorrer esta distância! Bom, sim, assim é mais fácil... Mas quem disse que por ser mais fácil é menos importante? Ora, ora, às vezes é preciso lembrar que não sou uma atleta profissional que deve ser monitorada a todo tempo... É preciso não deixar que a ânsia por novos e melhores resultados me tirem o prazer da corrida... Sim, porque eu corro por prazer... Eu corro para celebrar a vida, a saúde... Eu corro para me sentir mais completa... Eu não corro apenas pelo SUOR... Eu corro principalmente pela POESIA... E a poesia está ali entre uma passada e outra... Que importa se é uma passada rápida ou lenta; pronada, supinada ou neutra; longa ou curta? São todas passadas que despertam dentro de nós uma euforia que nos leva adiante.... A poesia está em um corredor e outro que passam e cumprimentam timidamente com um aceno de mão ou um sorriso quase imperceptível; em outros que trocam com a gente algumas palavras de incentivo; em alguns que vão conversando, esquecidos da velocidade da vida: é assim que vamos nos reconhecendo como participantes de um mesmo grupo... A poesia está em sentir a água da ducha escorrendo pelo rosto, pelos braços e pernas, resfriando um corpo em ebulição... e, depois, ter o sol beijando a pele e secando cada gotícula que ali estivera... A poesia está em ver a habilidade que um vendedor retira do coco a água que em seguida vai repor os sais minerais que meu corpo perdeu... A poesia está em passar, em plena véspera de Sexta-feira Santa, perto dos vendedores de peixes e ouvi-los, mesmo que momentaneamente, negociar aquele produto que vai levar o pão para sua mesa, ou quem sabe o Ovo de Páscoa para seus filhos... A poesia está em ver um pai acompanhar seu filho num passeio de bicicleta; em ver uma mãe lambuzar a filha de protetor solar e a menina sair com o narizinho branco, correndo em busca da bola que parece atraída pelo mar... A poesia está em detalhes que precisam de tempo, de lentidão para serem notados...
A velocidade dos treinos, a preocupação com o tempo, com o tiro bem dado, com a quilometragem cumprida, com a pisada perfeita tornam-nos melhores corredores, e eu estou frequentemente conectada a estes detalhes. Sim, estou em busca de meu melhoramento como corredora. Entretanto, a mulher que precede a corredora também briga por espaço: ela gosta das belezas da vida, das amenidades de uma linda manhã de sol, da celebração de um aniversário, dos sorrisos pelo caminho.... É por isto que este longão será inesquecível, porque eu pude celebrar, por inéditos 27km, não só a superação física, mas, acima de tudo, o meu jeito de viver e de comemorar mais um ano de vida...
Nas Margens de Mim (O Teatro Mágico)
Eu me senti como um rei / Me larguei, dormi, nas margens de mim / Me perdi por querer, eu não fiz, não fui / Me desaprendi // Eu quis prestar atenção / Tudo o que é menor, mais lento e baldio / Deixo o rio passar tão voraz, veloz / Me deixo ficar // Quando o sol acena, parte em mim / Diz valer a pena ser assim / Que no fundo é simples ser feliz / Difícil é ser tão simples / Difícil é ser tão simples / Difícil mesmo é ser // Me recolhi, fiquei só / Até florescer / Desapego e raiz, improviso e razão / Canto pra colher, agora e aqui // De qualquer maneira parte em mim / Diz valer a pena ser assim / Que no fundo é simples ser feliz / Difícil é ser tão simples / Difícil é ser tão simples / Difícil mesmo é ser...
Sempre TOPPPPP!!!!
ResponderExcluirSou cada vez mais Fã!!!
bjks e boa semana!!!!
Obrigada, Xande, pela visita, pelo comentário e pelo carinho!!! TOPPPP!!! Bjs!!!
ResponderExcluir'Bora correr?!
Oi,Lílian!
ResponderExcluirLindas palavras, gostei demais! Estou aqui, num intervalinho de trabalho...lendo Suor e Poesia, delícia!Toda poesia da corrida/da vida vc descreveu tão belamente aqui...perfeito. Vc sabe que muitas vezes a vida nos cobra resultados, as pessoas nos cobram, o tempo nos cobra e, por descuido, ou não, uma atenção demais ao que é externo,talvez, atendemos às cobranças desnecessárias e esquecemos o prazer de viver as belas coisas simples da vida. Como vc menciona: " (...) É preciso não deixar que a ânsia por novos e melhores resultados me tirem o prazer da corrida... Sim, porque eu corro por prazer... Eu corro para celebrar a vida, a saúde... Eu corro para me sentir mais completa(...)", me vi extamanete aí. Há bem pouco tempo, a corrida estava perdendo, para mim, o valor de felicidade porque eu estava sempre preocupada: quantos km? Quanto por km? E se eu não conseguisse sair para treinar, estava arruinada...me sentia péssima e fraca... Onde ficou meu amor pela 'run-rotina'? Onde estava a beleza de sair de manhãzinha com meu par de tenis despertando o dia sem fronteiras, sem que um treino de tiro significasse a "morte" e um dia inteiro de cansaço? Enfim, revi meus conceitos...Revi a mim mesma, já não é tempo de desperdiçar a vida...ela é para ser vivida e não nos acostumarmos com ela! Como disse Marina Colassanti: "(...)A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma."
Enfim, suas palavras sempre ajudam a gente a tocar em pontos assim de "vivência", sem "acostumanças"! Este ano é seu, comemore, brilhe muito! A maratona está aí, pronta para te receber, vc está pronta!
Grande beijo e ótima semana!
Oi, Raquel!!! Fico feliz que você aproveite sua folguinha no trabalho para ler meu blog!!! Lindas palavras foram as suas!!! Eu também me cobro muito nos treinos, sou uma perfeccionista por natureza. Mas, ao mesmo tempo, cobro de mim mesma não deixar me perder das belezas e das simplicidades da vida, do dia a dia. Tem dia que me concentro tanto no treino que me esqueço que corro ao lado do mar, ao lado de um cenário exuberante, tendo Iemanjá a me observar...A gente não pode, Raquel, deixar que a engrenagem da vida triture nossas alegrias, nossos prazeres... Como eu disse na crônica, não sou uma atleta profissional para me cobrar tanto... Não somos, não é??? Que as "acostumanças" não tirem de nós o verdadeiro sentido da vida, das descobertas, das poesias diárias.... Adoro seus comentários!!! Obrigada pela visita, pelo carinho!!! Volte sempre!!! Bjs!
ResponderExcluirOi Lílian!
ResponderExcluirAmiga concordo plenamente com o comentário da Raquel.
Tal como muitos entre nós eu estava procurando, conscientemente ou não, o recorde pessoal em cada competição.
Hoje estou concentrado em minhas falhas procurando corrigir o “errado” em mim como aquela exagerada correria. Consegui resultados expressivos sim e criei felicidade e bem estar. Volto, após a cirurgia, a correr porém sem competir. Volto ao percurso muito feliz com felicidade semelhante a qual você nos mostra em sua Crônica que após percorrer 27 km e exalando em cada gota de seu suor um grande amor em estar realizando seu sonho de uma maratona.
Que venham longas alegrias até a tão esperada maratona e mais uma Crônica de riqueza incalculável!
Meu querido amigo Gedair, nós somos movidos pela motivação. Ver que os resultados estão sendo satisfatórios acaba fazendo com que a gente deseje estar cada vez melhor. Isto é fato e acontece, eu creio, com a maioria dos corredores. Eu estou sentindo isso em mim. Tenho tido bons resultados e, com certeza, quero melhorá-los. Mas, como eu disse para a Raquel, não podemos deixar que a engrenagem nos triture, machucando o corpo e, às vezes, a mente. Eu quero continuar podendo também desfrutar do prazer de uma corrida descompromissada, leve, ao sabor do vento, das ondas e da água de coco... Bem-vindo de volta às corridas!!!! Bjs!!!! E.... 'Bora correr???
ResponderExcluirQuerida Lílian,
ResponderExcluirAdoro suas Crônicas. Sempre que tenho um tempinho estou aqui...Você escreve com uma linguagem poética que muito me encanta. Sei o qunto é dificil dedicar a uma modalidade de esporte , trabalhar, estudar...você consegue conciliar...Conhecê-la foi uma uma surpresa agrdável, tê-la como amiga uma benção.Dsejo suceso. e continuo torcendo por vc.
Um abraço....
Anônimo, meu querido/ minha querida, deixe de ser anônimo...rsrs... Obrigada!!! Seu comentário me deixa muito feliz, pois vejo que consigo o que me propus com meu blog, falar das corridas de modo poético, para tocar a sensibilidade de pessoas como você, que se permitem ser tocadas... Volte sempre!!! Bjs!!!
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