30 dias.
1 mês exato.
Nem mais nem menos...
E todos os 175 dias de preparação até agora começam a gritar
em minha mente, em meu corpo. Estão dizendo a mim que a base foi feita, que o
alicerce está forte. Dizem que o corpo mudou, fortaleceu-se. Dizem que a mente
mudou, deixou de ter tão insegura e imediatista.
175 dias de muita musculação, muita consciência alimentar,
muitos treinos de velocidade, de areia fofa, de subidas ao Convento e ao
Moreno, de longões intermináveis. Foram duas provas-treino
lindas, duras, que
me fizeram mais experiente, mais forte: os 42km de Búzios, com suas areias
escaldantes, suas praias lindas, suas trilhas sinuosas; os 42km de Corupá (ah!
Corupá!) – prova que me ensinou a encarar a solidão de uma prova longa, em 8h16
de montanha, de mata fechada, de lama...
Foram 175 dias vivendo o sonho da ultramaratona. Reconhecendo,
nos músculos colocados constantemente à prova, as fraquezas que precisavam ser
deixadas para trás. 175 dias cuidando do corpo físico, entregando-me totalmente
aos conhecimentos da minha treinadora Helayne Montebelo, da minha nutricionista Carol Sessa, do meu fisiatra Fabrício Buzatto.
E agora? Só faltam 30 dias...
As emoções já embolam na garganta. Há medo no ar... Nunca me
sentirei totalmente preparada... Enfrentar o desconhecido sempre vai causar um
friozinho na espinha. Não será apenas vencer 70km, mas 70km no cenário majestoso
das montanhas da Patagônia. É experiência para ficar traçada nos músculos, nas
retinas, na alma...
30 dias...
Contagem regressiva para aquela que será minha experiência
mais intensa até hoje; para aquela que vai me transformar (espero) não apenas
na ultramaratonista que quero ser, mas numa pessoa mais resistente. Capaz de vencer
medos, vencer fraquezas, superar corpo e mente para chegar ao êxtase de atravessar
a linha de chegada e dizer “Eu consegui”!
Será muito mais do que uma superação física. Tem sido, sempre, a busca de mim mesma...