MINHAS PRÓXIMAS CORRIDAS

domingo, 30 de setembro de 2012

UMA CRÔNICA DE PRIMAVERA....

Não importa a distância, quantos metros ou mil metros cada um vai percorrer. 
Importa o que cada centímetro, o que cada passo, o que cada gota de suor 
significam para quem os está experimentando.



Corredores Capixabas reunidos para um treinão (30/09/2012)


E a crônica nasce assim: numa manhã de domingo que tinha tudo para ser nublada, triste e que, pelo contrário, surge linda!!! E não só pelo céu azul e o sol prometendo fazer arder os poros, mas pelos encontros a se realizarem... Encontros de pessoas que possuem em comum pelo menos um ponto: a paixão pela corrida... Somente essa paixão para reunir, antes das 8h da manhã de um domingão, mais de 60 pessoas... Somente esta afinidade para alguém que só esteve com você uma única vez lhe oferecer uma carona e ainda buscar você em casa... Ou fazer uma sainha especial para a próxima corrida... Algumas pessoas vão chegando tímidas, primeira vez entre aquela galera...Outras vêm fazendo barulho, bem populares e queridas... Ainda outra que se aproxima e se apresenta: "Olha, já comentei lá no seu blog..." Outros que observam mais afastados, em grupinhos que logo se abrem, fundindo-se no grupão...

 
E parte aquela turma pelas ruas afora... Alguns buscando parceiros de ritmo e quilometragem... Outros se conhecendo... E rola um bate-papo que segue em cadência com os passos que acabam sendo sincronizados... Vocês já pararam para ouvir a música dos passos de corredores que seguem juntos, em mesmo ritmo? Quando o silêncio impera, em momentos em que a cadência acaba sendo mais forte? Você acaba sendo levado por aquele som e segue na frequência, numa dança ao mesmo tempo particular e compartilhada, em que corpos, corações e mentes seguem juntos por alguns instantes...

E cada um segue em busca da distância almejada... 5 km? 8 km? 10 km? 12 km? 15 km? 18 km? Que importa? O que vale é que respeitemos nosso corpo, nosso condicionamento... O grupão vai se fragmentando por alguns minutos... Passamos por um, por outro, até encontrar alguém que acompanhamos... Seguimos: retas, curvas, subidas e descidas... De repente, num intervalo entre as sincronias, um desabafo... E você descobre alguém que entende o que você sente, sabe - porque também vive - as angústias diárias que a vida nos proporciona... As cobranças pessoais, as cobranças sociais... Ah, essas cobranças pessoais!!! E seguimos, em passadas cada vez mais firmes, com a alma mais leve... Agora confidentes de um sentimento tão próximo... E são mais retas,  e mais curvas, e mais subidas, e mais descidas...

Aos poucos vamos terminando o treino, cada um cumprindo aquela meta do dia... Corpos suados, poros em transpiração excessiva, sorrisos nos rostos... O grupão vai se refazendo aos poucos, novamente. E chega um, e outro, e mais um, e mais outro... E o bate-papo, o relaxamento, as trocas de experiências...

Tudo isso é motivação... E precisamos de motivação para seguirmos em busca de nossos objetivos... Porque nem sempre é fácil... Vocês sabem, por mais prazerosa que a corrida comece a se tornar, é uma desestabilização do corpo em repouso... No início, dói tudo... E, quando nos acostumamos, forçamos um pouquinho mais, e dói mais um pouquinho... Vai entender essa paradoxal necessidade que sentimos de querer sempre um pouquinho mais, mesmo sabendo que o esforço será maior... Sim, precisamos de motivação... Às vezes é a rotina que vem nos atropelando e quase nos levando em seu ritmo acelerado... E precisamos insistir para não perdermos o ânimo...

E às vezes a motivação vem assim - de um comentário como o que recebi ontem em uma crônica anterior: "Com seus posts, dá vontade de largar tudo e começar logoooo!!! Obrigada por me motivar tanto!!!" Puxa, Eliza Karla, eu é que me sinto motivada a escrever mais quando alguém fala assim para mim. E a correr mais também, porque o SUOR e a POESIA que eu procuro deixar por aqui são despertados pelas passadas compassadas que dou por aí em companhias tão lindas... Eu é que agradeço a vocês, corredores capixabas, por fazer parte de um grupo tão lindo!!!
                                   Com Eliza Karla


'Bora rezar para a semana passar rapidinho? Afinal, domingão que vem tem mais!!!!
'Bora correr, meus queridos!!! 'Bora viver!!! 'Bora ser feliz!!!!

sábado, 8 de setembro de 2012

COM SABOR DE CHOCOLATE

                                                           O que dizer do prazer de receber amigas em casa,
de rever amigos corredores, 
de me sentir cada vez mais à vontade 
na nova terrinha?  
                                                         
                            Apontando para a direção da minha casa, a um quarteirão do trajeto da corrida.


As 10 Milhas Garoto entraram em minha vida ano passado, quando, ainda morando em Minas Gerais, vim em caravana correr esta prova. Achei uma corrida linda e já planejava voltar este ano... Apenas não  podia imaginar que, menos de um ano depois, eu estaria morando em Vila Velha, bem pertinho do trajeto das 10 Milhas... E este ano o sabor da corrida foi mais adocicado... E nem foi por causa do chocolate, foi mesmo o sabor das amizades... 

Nesta minha breve vida de corredora, 2 anos e 6 meses, eu fiz amigos que me recebem em suas casas quando eu vou correr na cidade deles. É sempre tão gostoso, me sinto tão bem entre eles! Possuímos afinidades, tornamo-nos confidentes e cúmplices... E a corrida acaba nos propiciando lindas amizades, que vão se fortificando a cada dia... Este fim de semana tive o prazer de, pela primeira vez, receber duas amigas  corredoras em minha casa. Não é questão de retribuir o que tenho recebido, mas de compartilhar o prazer de instantes juntas... Apesar de uma breve estadia, pudemos passear um pouco, conversar, irmos juntas ao jantar de massas e à corrida...
Com Gleice Medeiros e Raquel Pinheiro...

E estes instantes foram vividos também com outros amigos que estiveram na cidade: amigos de Juiz de Fora, de São João del-Rei, do Rio de Janeiro... O círculo de amizades vai só aumentando... E os amigos dos amigos vão se tornando nossos amigos também... Essas relações que vão se estabelecendo não têm preço... Estar numa corrida de porte médio, digamos assim, como a da Garoto, e reconhecer várias pessoas é muito satisfatório... 

E o prazer de ser parada na rua por algum corredor se apresentando, dizendo que está no meu face, segue meu blog, curte minhas postagens, minha história e que se sente motivado com elas? Puxa, isso tudo me faz mais forte para me manter firme em meu caminho... Não é fácil perder 30kg e me manter no peso... Nem sempre é fácil manter uma disciplina de treinos, considerando os compromissos profissionais... Não, nada disso é fácil; mas quem corre, quem já fez da corrida uma paixão, um estilo de vida, vê sentido em cada esforço realizado para treinar. E aqueles que se dizem motivados por mim não sabem a motivação que me transmitem...

E ali, naquela manhã de domingo, nas terras da Moqueca e da Garoto, éramos todos iguais... Formávamos uma grande comunidade de corredores, tomando as ruas de Vitória rumo à Vila Velha... Formamos um mar de camisas amarelas, salpicado de algumas gotas multicoloridas, das diversas assessorias que se fizeram presentes. E era um mar tão bonito!!!. Um mar que foi invadindo a 3a ponte e passou por cima dela... Tomou conta de toda a pista.. Seguiu em ondas que se movimentavam ora mais rapidamente, ora mais lentamente... Um mar de pessoas guerreiras, que mais um dia venciam o sedentarismo, que enfrentavam o calor capixaba e a subida da ponte para celebrar a vida... 

Esse mar de corredores, quando desaguou em Vila Velha, foi se espalhando por suas ruas, tomando a direção da fábrica de chocolates... E era lindo, ao dobrar as ruas, encontrarmos os moradores da cidade vibrando com nossa passagem... Vibravam... E eu pude, em meio a tantas vibrações, identificar a de um ex-aluno ao me ver passar...  Ele, que havia corrido a Garotada, estava ali, apoiando os adultos que corriam... 

E em ondas seguíamos... Em ondas íamos sendo levados... Em ondas atravessávamos a linha de chegada... E quando as ondas ali quebravam, respingavam corredores para todos os lados... Eu procurei estar alguns segundos com alguns amigos que chegavam... Queria abraçá-los, parabenizá-los, dizer que estávamos juntos, que ali éramos todos iguais... 
 Com Nonô Xavier...

Com meu aluno Bruno de Andrade...

Com Priscila Angeli...

 Com Taíssa Gomes...

Com Ignez e Denilson...

Com Maurício Vivas, Andrea Marins e Raquel Pinheiro

Com Tatiana Yuri e Rowena Tabachi...

Com Jamili Saade...
Com Aparecida Sandim...

Com Raquel Pinheiro, Gleice Medeiros e Gedair Reis...

 Mineiros e cariocas...

E foi uma linda celebração!!! Para alguns, um sonho realizado...Para outros, um recorde temporal conquistado... Para alguns, a superação da sede, da dor, do cansaço... Para outros, um passeio num cenário  grandioso... Para todos: uma medalha no peito - que, muito mais do que um objeto na parede, é um símbolo que se preenche de histórias... Cada um com a sua história... A história que se camufla na minha medalha é esta que você acabou de ler... Cheia de doçura, com sabor de chocolate... E a sua, qual é? Compartilha com a gente, deixando um comentário: o que a Garoto significou para você???



CRÔNICA PUBLICADA NA REVISTA "BORATREINAR", EDIÇÃO DE SETEMBRO




A partir dali, foi só emoção... 40km: e chovia e ventava... 41km: e chovia e ventava... E havia um nó na garganta... 42km: e chovia e ventava... E, enfim, não contive mais minhas emoções: eu chorava... Os 195 metros restantes foram percorridos com o coração, com a emoção, com uma sensação que não dá para descrever... Somente quem sonhou, treinou, doou-se de verdade, sentiu medos e dores é capaz de entender essa sensação... E eu atravessei a linha de chegada... E havia água fria pelo chão e pelo corpo, e gotas de água quente escorrendo pelo rosto...




Etapas... A vida da gente é feita de etapas, e na corrida não é diferente. Estreamos em quilometragens pequenas, tomamos gosto por participar de provas, estabelecemos novos objetivos e...  “boratreinar” para buscar alcançá-los.  E cada etapa conquistada é uma vitória diferente, tem um sabor especial, um significado único.  A autoconfiança vai aumentando, a euforia vai tomando conta, as medalhas e as histórias vão se somando. E, para quem está começando, o percurso de 5km parece tão distante dos tão falados 42,195km de uma maratona... Mas nem por isso são menos difíceis...

No entanto, é só ir visualizando os degraus seguintes, cumprindo as etapas (cada corredor no seu tempo, de acordo com suas necessidades, respeitando o corpo), que a escalada rumo à maratona  se torna possível. Começamos por provas de 5/10km, passamos para uma meia maratona, às vezes intercalamos alguma prova de 10 milhas e, tradicionalmente, os 42km se tornam o próximo degrau a ser almejado por alguns... E é possível chegar a este topo, meus queridos leitores. Sim, é possível! E aos poucos a gente vai treinando, vencendo quilometragens nunca antes percorridas e vendo que o maratonista é um corredor como nós mesmos: ele percorre as ruas, os asfaltos, as estradas, as ladeiras, faz treinos de velocidade, transpira, sente dor, medo, insegurança, ansiedade... Os maratonistas são apenas um pouquinho mais “loucos”...

Ter completado minha primeira maratona, em julho, no Rio de Janeiro, foi uma realização a que não comparo nada do que já fiz até hoje. Ah! Todos nós, “loucos” que corremos, sabemos que precisamos de disciplina, determinação, disposição para queimar muito asfalto, se quisermos alcançar nossos pódios pessoais. E este “pódio” da maratona é simplesmente inesquecível. Enquanto eu percorria aqueles quilômetros que pareciam intermináveis, quando a dor muscular e o cansaço começavam a falar forte, eu me lembrava de toda a dedicação, de todo tempo empregado para me preparar para estar ali, encarando aquele percurso, tentando realizar meu grande sonho para 2012. Foram seis meses de vida  voltados para a Maratona do Rio, da inscrição aos últimos treinos. Foram muitos longões, muita abdicação para chegar até lá... Foram muitos medos, muita ansiedade... Muito controle psicológico também...

Mas valeu a pena cada gota de suor transpirado, cada centímetro percorrido durante os seis meses de preparo, cada contração muscular, cada cansaço físico após os intermináveis longões...  Vale a pena, meus amigos corredores! Vale a pena sonhar, traçar planos, se programar para alcançar o objetivo...   Vale a pena a autossuperação, a autodisciplina... Vale a pena atravessar as linhas de chegada, olhar para trás e dizer para si mesmo:  “Eu sou um vencedor!!! Eu sou um vencedor e faria tudo outra vez!!!”

Ora, não foi isso que vocês sentiram quando atravessaram suas primeiras linhas de chegada? Vocês se lembram dos seus primeiros 5/10km?  Lembram-se da primeira medalha no peito? Aquela sensação indescritível se repete a cada novo degrau alcançado... Os pódios interiores não medem a quilometragem, são resultado de superações que só nós mesmos sabemos que conseguimos alcançar... E esses pódios possuem um valor que nada nem ninguém pode calcular por nós...

É para experimentarmos sensações indescritíveis como essas que eu sempre “grito”: ‘Boratreinar, corredores? ‘Bora correr, amigos? ‘Bora viver, meus queridos leitores!