MINHAS PRÓXIMAS CORRIDAS

terça-feira, 26 de junho de 2012

OS APRENDIZADOS DIÁRIOS....



Verdadeira essa frase... Para nós, pobres mortais, amadores do esporte, o dia que não dá certo talvez seja mais importante, no que diz respeito ao aprendizado, à avaliação, do que os dias em que tudo ocorre bem...

Meia Maratona de Juiz de Fora: clima perfeito, trajeto plano, treinamento em dia, descansada, bem alimentada e, no entanto, algo deu  errado. Da metade da prova para frente faltou energia, parecia que simplesmente eu ia parar, como se tivessem me desligado da tomada... E então? Foi minha 5a meia maratona e a pior em tempo e a mais sofrida... Terminei a prova quase chorando, lutando contra o corpo que pedia para parar... Agradeço a companhia de meu anjo da guarda Gedair Reis, se não fosse ele estar ao meu lado, eu teria caminhado em vários trechos... Nada vergonhoso, mas me deixaria ainda mais frustrada, com certeza.

Mas foi, certamente, um aprendizado. Percebi  que nem sempre aquilo que é feito para nos suplementar pode agir a nosso favor... Claro que cada prova é uma prova, cada organismo reage diferente, mas, avaliando o que aconteceu, acredito que o que me "detonou" foi um termogênico que estava tomando. Explico: se fosse uma prova curta, teria sido perfeita! Comecei com bastante energia, num ritmo que para mim era forte e, no entanto, estava confortável. Essa energia extra, mantida por metade da prova, de repente, acabou. Então veio o sofrimento a que me referi.

Aprendi a lição e fui "tirar a prova dos nove" na semana seguinte... Num domingo ensolarado, no litoral, clima quente, saí para o longão mais longão de meu treinamento para a maratona: 36km. Fui de "cara limpa". Mantive um ritmo constante, carregando comigo maltodextrina, gel de carboidrato e fui me hidratando aos poucos. E fiz... 10km, 20km, 30km, 36km... Sofridos? Sim! Sempre é, quando vamos além do que o corpo está acostumado... Difíceis? Sim! Não havia ainda ultrapassado a barreira dos 32km... Mas quando o cansaço batia eu mentalizava a maratona, o sonho, a luta, a gana de conseguir ultrapassar a linha de chegada, a festa, a emoção.... No final, pude constatar que havia sido menos tenso do que a Meia Maratona de Juiz de Fora. Isso me fortaleceu, me energizou novamente e me mostrou que a maratona pode ser possível.

Sei que não vai ser fácil... "Maratona é outro esporte", diz meu amigo Alexandre Magno... Sei das dores e do cansaço... "Termina uma maratona aquele que consegue suportar a dor", disse o corredor Lúcio Lampert, num depoimento publicado no facebook depois da Maratona de Porto Alegre.... Mas sei também da vontade inexplicável de realizar este sonho... Um sonho que se transformou em meta, para a qual me preparo  desde fevereiro/março... Eu respiro essa maratona desde o dia em que me inscrevi para ela... Meus planos se organizam em antes e depois da maratona... As próximas corridas, as próximas viagens, minhas férias de julho... tudo está meio que em suspenso, por causa da danada da maratona... Um amigo, também em treinamento  para os 42km, disse estar "em relacionamento sério" com a maratona... Essa Dona Maratona invade nossos cafés da manhã, nossos lanches, almoços,  treinos, horas de sono... Ela é possessiva, monopolizadora, toma conta mesmo... E se não andarmos na linha, sei lá o que pode acontecer...  Mas eu sei também da companhia e da vibração dos amigos. Alguns, como eu, em busca de completar pela primeira vez a rainha das corridas. Outros, mais experientes, transmitindo confiança, compartilhando experiências, dando apoio e suporte.... Sei que será uma festa antes, uma luta durante e uma emoção indescritível depois... Haverá muitas lágrimas: mescla de dor e emoção... Haverá muito suor... E, com certeza, muita poesia para poder compartilhar com vocês... Haja coração!!!




sexta-feira, 8 de junho de 2012

30 DIAS... NEM MAIS... NEM MENOS...

Dizem que o tempo é relativo, pois bem, também acho que é. Só não sei como ele correrá nesses 30 dias que faltam para a Maratona do Rio... O que são 30 dias? Citando uma música do grupo Biquíni Cavadão: "Quanto tempo demora um mês?", tudo depende de quem espera e por que espera...  


     A exatos 30 dias, no mesmo horário em que começo esta crônica, estarei voando do Rio de Janeiro para Vitória, com uma sensação inédita: a de ter corrido uma maratona. O resultado é impossível prever.... Se estarei voltando sorrindo ou chorando, só mesmo esperando para ver... 
      Mas e até chegar lá? A contagem regressiva começou para valer quando anunciaram os 100 dias para a Maratona, e eles foram passando de modo tão rápido que, agora, resta apenas um mês para a largada... Eu olho para trás e penso se fiz tudo o que podia ter feito para encarar este novo desafio... Às vezes penso que sim; outras, acho que não... Algumas pedras no caminho atrapalharam um pouco, mas a determinação e a vontade de realizar o sonho não me deixaram desistir... Foram tombos emocionais e reais... Alguns que feriram a alma, outros que marcaram a carne... Foram mudanças espaciais e especiais, que me levaram para longe e me trouxeram ao encontro de mim mesma... Foram km e mais km de suor e poesia, de dor muscular e luta contra o psicológico, que muitas vezes dizia para eu parar... 
     Mas, agora, às vésperas desta largada, penso como passarão os dias que faltam: uma meia maratona no próximo domingo, um longão acima de 30km programado para o outro fim de semana e, depois, hora de dosar a quilometragem para não extrapolar, para não querer dos músculos o que eles precisam de reserva para o dia 08 de julho... É preciso paciência e disciplina... É preciso confiança e controle psicológico... Pode ser que este mês passe voando, devorando os dias que restam de treino; ou que ele tartarugueie, alongando a ansiedade que me consome...
       Estou pensando na emoção que será encontrar os amigos que sonham juntos com esta realização... No prazer que será estar ali entre inúmeros corredores, muitos anônimos para mim, mas todos com o mesmo objetivo, percorrendo os mesmos 42km... O pré-evento será uma alegria imensa.... Um almoço com amigos na véspera, a troca de ansiedades, o apoio daqueles que já sabem o que significa correr uma maratona... O evento em si será uma grande incógnita: quanto tempo passarei correndo? como o meu corpo reagirá? como estará meu psicológico? como segurar a emoção durante a corrida para que ela não me atrapalhe? 
     Ah, a emoção!!! O que fazer com ela???? Foram várias as vezes em que nos treinos, só de pensar que estarei correndo a maratona, eu me emocionei.... Sentia um nó na garganta, uma vontade de chorar, de extravasar a satisfação contida no peito... Uma emoção mista: de ver que eu venço um sedentarismo, que eu me torno uma pessoa mais saudável, mais feliz.... Emoção de me sentir uma vencedora todas as vezes em que levanto às 5h30 da manhã para treinar... Emoção a cada km a mais que eu vou acrescentando a meus treinos... Emoção de me sentir uma super mulher quando completei meus primeiros 32km... Sim, sou uma mulher de emoções, e muitas vezes me deixo dominar por elas... Se isso é  bom ou ruim? Só posso dizer que depende da situação... E que sei que a emoção vai minar de meus poros junto com o suor, pois é ela que me faz ver a poesia da vida, a poesia das corridas, a poesia das passadas compassadas dos corredores, a poesia manifestada nas feições às vezes contorcidas de quem atravessa a linha de chegada...     
     Será uma verdadeira maratona de emoções e, por mais que eu saiba da necessidade de controlá-las durante a corrida, não vou querer sufocá-las... Vou deixar que elas venham para que, independente do resultado, eu possa dizer tudo o que sentirei ao experimentar - e ver ser experimentada pelos amigos - esta tão desejada corrida... 




"Não vim até aqui / Pra desistir agora... Minhas raízes estão no ar / Minha casa é qualquer lugar / Se depender de mim / Eu vou até o fim / Voando sem instrumentos / Ao sabor do vento / Se depender de mim / Eu vou até o fim..."