Verdadeira essa frase... Para nós, pobres mortais, amadores do esporte, o dia que não dá certo talvez seja mais importante, no que diz respeito ao aprendizado, à avaliação, do que os dias em que tudo ocorre bem...
Meia Maratona de Juiz de Fora: clima perfeito, trajeto plano, treinamento em dia, descansada, bem alimentada e, no entanto, algo deu errado. Da metade da prova para frente faltou energia, parecia que simplesmente eu ia parar, como se tivessem me desligado da tomada... E então? Foi minha 5a meia maratona e a pior em tempo e a mais sofrida... Terminei a prova quase chorando, lutando contra o corpo que pedia para parar... Agradeço a companhia de meu anjo da guarda Gedair Reis, se não fosse ele estar ao meu lado, eu teria caminhado em vários trechos... Nada vergonhoso, mas me deixaria ainda mais frustrada, com certeza.
Mas foi, certamente, um aprendizado. Percebi que nem sempre aquilo que é feito para nos suplementar pode agir a nosso favor... Claro que cada prova é uma prova, cada organismo reage diferente, mas, avaliando o que aconteceu, acredito que o que me "detonou" foi um termogênico que estava tomando. Explico: se fosse uma prova curta, teria sido perfeita! Comecei com bastante energia, num ritmo que para mim era forte e, no entanto, estava confortável. Essa energia extra, mantida por metade da prova, de repente, acabou. Então veio o sofrimento a que me referi.
Aprendi a lição e fui "tirar a prova dos nove" na semana seguinte... Num domingo ensolarado, no litoral, clima quente, saí para o longão mais longão de meu treinamento para a maratona: 36km. Fui de "cara limpa". Mantive um ritmo constante, carregando comigo maltodextrina, gel de carboidrato e fui me hidratando aos poucos. E fiz... 10km, 20km, 30km, 36km... Sofridos? Sim! Sempre é, quando vamos além do que o corpo está acostumado... Difíceis? Sim! Não havia ainda ultrapassado a barreira dos 32km... Mas quando o cansaço batia eu mentalizava a maratona, o sonho, a luta, a gana de conseguir ultrapassar a linha de chegada, a festa, a emoção.... No final, pude constatar que havia sido menos tenso do que a Meia Maratona de Juiz de Fora. Isso me fortaleceu, me energizou novamente e me mostrou que a maratona pode ser possível.
Sei que não vai ser fácil... "Maratona é outro esporte", diz meu amigo Alexandre Magno... Sei das dores e do cansaço... "Termina uma maratona aquele que consegue suportar a dor", disse o corredor Lúcio Lampert, num depoimento publicado no facebook depois da Maratona de Porto Alegre.... Mas sei também da vontade inexplicável de realizar este sonho... Um sonho que se transformou em meta, para a qual me preparo desde fevereiro/março... Eu respiro essa maratona desde o dia em que me inscrevi para ela... Meus planos se organizam em antes e depois da maratona... As próximas corridas, as próximas viagens, minhas férias de julho... tudo está meio que em suspenso, por causa da danada da maratona... Um amigo, também em treinamento para os 42km, disse estar "em relacionamento sério" com a maratona... Essa Dona Maratona invade nossos cafés da manhã, nossos lanches, almoços, treinos, horas de sono... Ela é possessiva, monopolizadora, toma conta mesmo... E se não andarmos na linha, sei lá o que pode acontecer... Mas eu sei também da companhia e da vibração dos amigos. Alguns, como eu, em busca de completar pela primeira vez a rainha das corridas. Outros, mais experientes, transmitindo confiança, compartilhando experiências, dando apoio e suporte.... Sei que será uma festa antes, uma luta durante e uma emoção indescritível depois... Haverá muitas lágrimas: mescla de dor e emoção... Haverá muito suor... E, com certeza, muita poesia para poder compartilhar com vocês... Haja coração!!!