Faz
tempo que não escrevo uma crônica. Acabei me deixando levar pela correria da
vida, fui deixando para depois, deixando, e acabei não escrevendo mais... Tenho
escrito pequenos textos que divulgo no facebook... Algumas pessoas me pedem
para eu voltar a escrever, para não “abandonar” o blog, porque se sentem
tocadas por minhas palavras... Que gostoso ouvir isso!!! E volto a escrever...
Há
um texto pedindo para sair já faz algum tempo, mas o estava segurando com
receio de que saísse muito pesado, no auge das emoções mais densas... Quem me
conhece, seja pessoalmente, seja pelas redes sociais ou pelo blog, sabe que a
corrida é minha paixão, uma válvula de escape do estresse diário, minha
principal injeção de endorfina... A corrida ocupa na minha vida um espaço muito
grande, maior do que eu imaginava até ser obrigada a ficar sem correr por um
período maior... O vazio que fica, a falta de endorfina na veia... Murchamos um pouco quando não podemos correr...
Nos
meus 3 anos de corredora, não havia tido que parar de correr por mais de uma
semana por causa de dores... Não tive nada que o gelo, um anti-inflamatório e
alguns dias de repouso não resolvessem... Vi muitos amigos precisando ficar
parados por meses, passar por cirurgias, mas não tinha sido, ainda, minha
realidade... Então eu fui dando corda a meus sonhos, estabelecendo metas,
fazendo inscrições... Buscando ajudas profissionais e tentando fazer tudo da melhor
maneira possível...
E
a Maratona do Rio estava no centro de 2013...
Mas,
a pouco mais de um mês da maratona, meu corpo deu o grito, meu pé deu o grito... Gelo,
anti-inflamatório, duas semanas parada e nada... Foi preciso ir atrás de
auxílio médico e entender o que estava de fato acontecendo... Fascite plantar:
era hora de parar para cuidar... E o tempo foi passando, as dores diminuindo,
os trotes voltando de leve e aos poucos, e a consciência de que a paciência e a cautela são
necessárias para uma evolução mais eficaz... E a data da maratona vai se
aproximando e meu condicionamento e alegria se afastando...
Decidir
não ir foi duro... Está sendo duro... E é com frequência que meus olhos umedecem e minha garganta aperta...Entendo que alguns amigos mais
experientes, sabendo do meu amor pela corrida, tendo visto minha dedicação aos
treinos, acham que eu deveria ir... Meu coração também deseja ir... Talvez seja
uma insegurança de primeira lesão, imaturidade de atleta iniciante, mas há o
medo de encarar os 42 km, sair deles muito pior e ficar mais meses parada...
Ainda tenho tantos sonhos para 2013!!! E ainda tenho muita coisa a aprender sobre
ser atleta...
E
eu sigo sonhando com as corridas e aprendendo a ouvir meu corpo, a rever conceitos,
a restabelecer metas... E sigo aprendendo que há momentos em que menos é mais, que algumas escolhas são mais dolorosas na alma que no corpo, que a atenção que
você precisa realmente pode vir de onde menos se espera, que é preciso viver um
dia de cada vez, que deixar de cumprir uma meta não é fracasso, que retraçar um
objetivo não é fraqueza nem falta de foco, que amadurecer é difícil... E que a
vida segue, em seu ritmo desenfreado, mas às vezes nos faz recomeçar,
humildemente, a passos lentos, buscando firmeza para novos rumos...
E
de uma coisa eu tenho certeza mais do que antes: eu sou uma corredora de
coração... De coração mole, é verdade... Mas de coração inteiro...