Por que a Patagônia? Já me perguntaram algumas vezes... Além
de serem 70 km, ainda precisa ser de montanhas e no frio? Já me perguntaram
também... Na verdade, nunca parei para pensar no porquê da Patagônia, porque não é muito racional...
Tenho estado muito emotiva com essa minha empreitada. Acho
que a mudança do ano trouxe a proximidade da data. Pensar que três meses me
separam do grande dia e voltar aos treinos intensos têm me feito temer e
desejar cada dia mais o mês de abril. Constatar a pequenez humana diante da grandeza
do cenário me impressiona. As fotos da edição passada tiram de mim lágrimas de
emoção. Choro de verdade quando vejo o
que vou presenciar. Como se eu “pré-sentisse” o que vai ser estar lá.
Se me perguntarem o que eu busco com isso (que para muitos é
uma loucura), acho que as palavras não alcançariam uma resposta tão
satisfatória quanto as lágrimas que me saem apenas de ver a paisagem de lá. Dá
um nó na garganta. Lembro a professorinha do interior de Minas que saiu de casa
obesa para fazer doutorado e começou a correr. Descobriu na corrida uma vida
que o mundo acadêmico sozinho não preenchia. Não é provar nada para ninguém;
nem para mim mesma. Não é vencer a natureza; é entrar em comunhão com ela. É
buscar algo que não se nomeia. Algo que está aqui dentro de mim pedindo para
viver e que precisa ter a chance de sair de mim e se expandir para voltar para
mim e me completar um pouco mais...
Há um trecho que fala sobre ultramaratonistas que diz um pouco sobre isso:

Há um trecho que fala sobre ultramaratonistas que diz um pouco sobre isso:


Para alguns é sinônimo de sofrimento desnecessário. Talvez alguns outros me entendam que, apesar do sofrimento (sim, porque há sofrimento), é um modo de aventurar-se um pouco pela vida afora e muito pela vida “adentro”. É a realização íntima pela superação física.
É a professorinha do mundo das Letras buscando se completar com suor e poesia.
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